"Mentiras e difamação". China acusa NATO de "incitar ao confronto" entre blocos

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
A China acusa a NATO de semear a discórdia Ting Shen - EPA

A China exortou a NATO a deixar de "incitar ao confronto" entre blocos, depois de a aliança transatlântica ter acusado o país asiático de prestar assistência crucial à Rússia na invasão da Ucrânia.

Reunidos numa cimeira em Washington, os líderes da NATO expressaram "profunda preocupação" com a aproximação entre Rússia e China e com o papel de apoio de Pequim ao esforço de guerra russo na Ucrânia.

Num comunicado final, os 32 membros da Aliança Atlântica acusam a China de estar a “desempenhar um papel decisivo” na guerra entre a Rússia e a Ucrânia, ao se ter tornado um grande apoiante da “base industrial de defesa” de Moscovo.

“Isso inclui a transferência de materiais de uso duplo, como componentes de armas, equipamentos e matérias-primas que servem como materiais para o setor de defesa da Rússia”, lê-se no comunicado.
Os líderes exortam, por isso, a China a “cessar todo o apoio material e político ao esforço de guerra russo”.

“Acredito que a mensagem enviada pela NATO nesta cimeira é muito forte e muito clara, e estamos a definir claramente a responsabilidade da China quando se trata de permitir a guerra da Rússia”, disse o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.
“Mentiras e difamações óbvias”
Em resposta, a China acusou a NATO de divulgar “mentiras e difamações óbvias” e de “incitar ao confronto” entre blocos.

“Os parágrafos relacionados com a China são provocativos, com mentiras e difamações óbvias”, disse o Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, acrescentando têm uma “má intenção”.

Segundo uma declaração do porta-voz da missão chinesa junto da União Europeia, Pequim expressou "forte insatisfação" e denunciou o comunicado da NATO como "imbuído de mentalidade de Guerra Fria e de retórica belicosa".

"A NATO deve deixar de fazer alarido sobre uma suposta ameaça da China, deixar de incitar ao confronto e à rivalidade e dar um maior contributo para a paz e a estabilidade no mundo", sublinhou, afirmando que as observações da aliança estão "cheias" de "calúnias".

O porta-voz chinês garantiu que Pequim “nunca forneceu armas letais a nenhuma das partes em conflito e exerce um controlo rigoroso sobre as exportações de produtos de dupla utilização, incluindo drones civis”.

"A crise ucraniana já se arrasta há muito tempo. Quem está a deitar lenha para a fogueira? Quem está a atiçar as chamas? E quem está a tentar lucrar com isto? A resposta é clara para todos", declarou, parecendo visar o Ocidente e, em particular, os Estados Unidos, que fornecem armas à Ucrânia. 

A China apela a conversações de paz, comprometeu-se a não fornecer armas à Rússia e apela ao respeito pela integridade territorial de todos os países, incluindo a Ucrânia. No entanto, Pequim nunca condenou Moscovo pela sua invasão e é agora o maior parceiro comercial e diplomático da Rússia.

A cimeira da NATO, que decorre em Washington, termina esta quinta-feira, recebendo os países parceiros da região Ásia Pacífico - Japão, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Austrália.


O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China expressou descontentamento com o crescente interesse da NATO em alagar a influência na Ásia e exigiu que a aliança ficasse fora da região da Ásia-Pacífico e não incitasse o confronto.

c/agências

Tópicos
PUB