No entanto, várias organizações de defesa dos Direitos Humanos afirmam que a redução também se deve ao facto de a União Europeia ignorar o risco de violações de Direitos Humanos.
A quebra no número de entradas de migrantes na Europa coincide com o reforço de acordos com países fora da UE arbitrárias, como Líbia e Tunísia, onde há denúncias de violência sexual, espancamentos e detenções arbitrárias.
“A questão fundamental é que, se a diminuição de entradas se deve às medidas de dissuasão da UE, essas medidas são acompanhadas, de forma muito clara, por violações dos direitos humanos, das quais a UE é, portanto, cúmplice”, denuncia Judith Sunderland, da Human Rights Watch (HRW).
Prova disto são as duas queixas apresentadas pelo Centro Europeu para os Direitos Constitucionais e Humanos (ECCHR, sigla em inglês), ao Tribunal Penal Internacional.
Duas queixas relacionadas com o tratamento de migrantes e refugiados na região central do Mediterrâneo.
Uma consultora jurídica deste Centro Europeu, citada pelo jornal
The Guardian alerta que
“a queda nos números oficiais não significa que há menos pessoas a chegarem à Europa”.
“Significa que há mais pessoas a viver em condições horríveis na Líbia e na Tunísia, o que equivale a crimes contra a humanidade, com a cooperação e aprovação da UE”, sublinha Allison West.
Em comunicado, esta consultora jurídica do ECCH refere que a UE tem trabalhado com a Líbia para travar a entrada de migrantes, apesar das evidências de detenção arbitrária, tortura, violência sexual e escravidão.
"Esses abusos não são efeitos colaterais imprevistos da política migratória europeia. São consequências previsíveis de uma estratégia que prioriza a contenção em detrimento da proteção" de pessoas.
De acordo com a Frontex (Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira), a maior queda de entrada de migrantes na Europa foi de 64 por cento. Ocorreu nos caminhos que cruzam a Albânia, Sérvia, Montenegro e Macedónia do Norte. Já as travessias para entrar no Reino Unido caíram quatro por cento.
A Human Rights Watch (HRW ) lembra que as
políticas europeias estão a levar os migrantes a seguirem rotas mais arriscadas. “Não podemos esquecer o custo (das medidas): pessoas que morrem afogadas no Mediterrâneo, pessoas que são espancadas na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia”, por exemplo.
“Há um
enorme custo humano por trás destes números” que contabilizam menos 33.600 pessoas a entrarem na UE, acusa a HRW.