O corpo da criança foi transportado até uma ambulância, com a ajuda de um cordão de segurança, devido à presença de milhares de pessoas, que se foram concentrando no local durante os últimos dias.
Pelas 21h00, a Casa Real de Marrocos anunciava a morte do menino. O rei Mohammed VI telefonou aos pais do menino, a quem "expressou as suas sinceras condolências neste doloroso incidente".
A nota do gabinete de Mohammed VI acrescenta que "esforços máximos" foram envidados para salvar a vida de Rayan e que o rei agradece as iniciativas das autoridades e das forças públicas, da sociedade civil e a solidariedade "forte" e "ampla" expressa aos familiares do rapaz.
Operação difícil
A exiguidade do poço, de apenas 40 centímetros de diâmetro, impediu o resgate pelo cimo, com cordas, tendo sido necessário perfurar uma brecha de mais de 30 metros na encosta e escavar depois um túnel de três metros até ao local onde se encontrava Rayan. Paralelamente e em alternativa, foi perfurado verticalmente um outro poço junto do primeiro onde se encontrava a criança.
O poço fica na província de Chefchaouen, no norte de Marrocos, perto da casa de família da criança na aldeia de Ighrane, arredores de Bab Berred.
Nos últimos dias Rayan não comeu, apenas bebeu água açucarada. O seu estado foi seguido de perto e em permanência por uma equipa de médicos, após a realização de exames iniciais.
Rayan ficou ferido na queda e as operações incluíram estabilizá-lo, através do fornecimento de água e de oxigénio por tubos, assim como a colocação de um canal de comunicação aberto, com imagens vídeo, para monitorizar o seu estado psicológico e acompanhá-lo, mantendo-o ativo, informado e, tanto quanto possível, distraído.
Apesar de não responder verbalmente, a
criança foi capaz de seguir as instruções recebidas por parte dos médicos e de utilizar o oxigénio e
de beber a água.
As características instáveis do terreno, ao mesmo tempo arenoso e rochoso, dificultaram as operações. Devido ao risco de desmoronamento foi necessário interromper os trabalhos diversas vezes para garantir a sustentabilidade da vertente e salvaguardar a segurança dos operacionais e da própria criança. Sexta-feira foram colocadas manilhas no final do percurso com o mesmo objetivo.
O resgate em contra-relógio envolveu várias equipas de sapadores, topógrafos e membros da Proteção Civil de Marrocos, voluntários e pelo menos cinco retroescavadoras.
Um helicóptero da polícia marroquina manteve-se sempre a postos perto do local para encaminhar Ryan e os pais ao hospital mais próximo.
A odisseia de Rayan deixou o país em suspenso com as operações de resgate a serem seguidas momento a momento por milhares de pessoas em direto.
"Distraí-me um momento, e o miúdo caiu no poço que eu que eu estava a reparar", explicou quarta-feira o pai de Rayan ao jornal online Le360. "Não consegui dormir a noite toda".
De acordo com a agência de notícias marroquina MAP, os trabalhos incluíram a perfuração da encosta com maquinaria pesada, em mais de 30 metros, "antes de se escavar uma brecha horizontal de três metros entre o buraco e o poço, para recuperar a criança".
A lentidão dos progressos e as interrupções constantes, foram difíceis para todos os envolvidos.
"Estamos quase. Trabalhamos em contra-relógio. Estamos muito cansados mas todas as equipas de socorro resistem apesar dos imprevistos", explicou um dos responsáveis pelos trabalhos, Abdesalam Makoudi.
"Rayan estava a brincar ao pé mas desapareceu(terça-feira) pelas 14h. Toda a família participou nas buscas até que percebemos que ele tinha caído no poço", relatou à imprensa local a mãe de Rayan, de lágrimas nos olhos.
"Mantenho a esperança que resgatem o meu filho vivo", afirmou.