Os verdadeiros responsáveis, diz o ex-presidente pai, foram os "falcões" que rodeavam o ex-presidente filho. George Bush I não quis massacrar George Bush II, mas lá pelo meio também lhe atribui algumas culpas.
Os dois grandes responsáveis pela catástrofe política em que a Administração do filhote Bush se tornou são, segundo Bush pai, os "falcões" Donald Rumsfeld e Dick Cheney.
O livro de memórias
Título: Destiny and Power: The American Odyssey Of George Herbert Walker Bush
Autor: Jon MeachamA simples enunciação dos dois nomes, mais imputáveis do que o então inquilino da Casa Branca, sugere que Bush pai tivesse também alguma responsabilidade.
É que Cheney já tinha sido secretário de Estado da Defesa em 1989-1993, portanto sob a presidência do pai. Quando foi escolhido como vice-presidente pelo filho, era já um velho conhecido da família.
O comportamento de Cheney após o 11 de Setembro, severamente criticado pelo pai, obriga este a justificar-se: "Não sei, ele tornou-se muito linha dura e muito diferente do Dick Cheney que eu conheci e com quem trabalhei". Após o 11 de Setembro, Cheney ter-se-á deixado enfeudar aos "tipos que querem lutar a propósito de tudo, usar a força para conseguirmos o que queremos no Médio Oriente".
E, sobretudo, Cheney ter-se-á deixado enfeudar às mulheres - a esposa Lynne Cheney, e a filha, Liz Cheney, que o empurrarem para uma intransigência mais extrema do que espontaneamente teria sido a sua.
O secretário da Defesa de Bush filho na maior parte do seu mandato, Donald Rumsfeld, é apontado por Bush pai como "um tipo arrogante". O patriarca no seu Outono atira-lhe ainda: "Não gosto do que ele fez e acho que prejudicou o presidente".
Ainda sobre Rumsfeld, diz que há nele "uma falta de humildade, uma incapacidade para ver o que pensa o outro"."Incomodei o papá"
Sobre George W. Bush, diz o patriarca da família: "Ele é meu filho, fez o melhor que podia e estou ao lado dele. É uma equação tão simples como isso".
Mas depois começa a largar observações que atingem, além dos dois notórios "falcões", o próprio Bush filho: "Incomoda-me alguma da retórica que houve por aí - talvez dele, em parte - e algumas das pessoas à volta dele. Retórica inflamada pode conseguir manchetes com muita facilidade, mas não resolve necessariamente o problema diplomático".
Em concreto, admite que o famigerado discurso de Bush filho sobre o estado da União, em 2002, falando sobre o "eixo do Mal", poderá vir a revelar-se historicamente inútil e prejudicial.
Bush filho comentou os comentários do pai: “É verdade que a minha retórica podia tornar-se muito forte e que incomodei algumas pessoas, inclusivé o papá [no original: "Dad"], embora ele nunca o tenha dito".