Meloni apresenta plano para expandir influência italiana em África e travar imigração ilegal

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Filippo Attili - EPA

A primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni, acolhe esta segunda-feira no Palazzo Madama, a sede do Senado italiano em Roma, mais de 20 líderes africanos e europeus com o objetivo de apresentar o plano estratégico que pretende reforçar os laços económicos do seu país com o continente africano, criar um centro energético para a Europa e travar a imigração ilegal.

No seu discurso de sessão de abertura da cimeira oficial africana em Roma, Giorgia Meloni apresentou o "plano Mattei", em homenagem a Enrico Mattei, fundador da empresa petrolífera italiana Eni que nos anos 50 defendia uma relação de cooperação com os países africanos, ajudando-os a desenvolver os seus recursos naturais.

"Acreditamos que é possível vislumbrar e escrever um novo capítulo na história das nossas relações, uma cooperação entre iguais, longe de qualquer  imposição predatória ou de qualquer atitude caritativa em relação a África", afirmou Giorgia Meloni.

A primeira-ministra italiana revelou uma série de iniciativas, prometendo "uma verba inicial de 5,5 mil milhões de euros em empréstimos, subvenções e garantias" e explicando que para tal o seu governo apelaria a financiamento do setor privado e de organismos internacionais como a União Europeia. 
“Interesses mais alinhados do que nunca"
Para sublinhar este ponto, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, estiveram todos presentes na cimeira africana em Roma.

"O Plano Mattei (…) insere-se perfeitamente no nosso GlobalGateway europeu no valor de 150 mil milhões de euros. Este é o nosso plano para África", garantiu Ursula von der Leyen esta segunda-feira de manhã. "Os interesses de África e da Europa estão mais alinhados do que nunca", acrescentou.


Numa publicação na rede social X, Giorgia Meloni explicou que o plano apresentado esta segunda-feira na Cimeira Itália-África se baseia em vários pilares, nomeadamente a educação e a formação, a saúde, a agricultura, a água e a energia.

"Trata-se de um plano ambicioso mas extremamente concreto, que partirá de projetos-piloto em algumas nações africanas e se estenderá depois ao resto do continente"
, explicou sem revelar o nome dos países africanos. "África é um continente rico em recursos, tanto humanos como estratégicos, que pode e deve surpreender", escreveu Meloni.

A líder da extrema-direita italiana, dos Irmãos de Itália (FdI), à frente do Executivo do país há pouco mais de um ano, argumenta que o plano apresentado pretende contribuir "para libertar as energias africanas" para "garantir às jovens gerações africanas um direito que até agora tem sido negado: o direito de não serem forçadas a emigrar e a cortar as suas raízes".

c/ agências
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