O fundador do partido de esquerda França Insubmissa (LFI, sigla em francês) sugeriu hoje a ideia de se formar um governo de esquerda, mas sem ministros do seu partido, para contornar o veto das outras formações políticas.
Jean Luc Mélenchon, em declarações à televisão TF1, perguntou aos líderes dos três partidos do bloco `macronista` e da direita conservadora se, no caso de se formar um governo de esquerda mas "sem nenhum ministro do LFI, se se comprometeriam a não votar uma moção de censura e deixá-lo implementar o seu programa".
"Se responderem não, podemos dizer que os ministros do LFI são simplesmente um pretexto, pois é o programa que não querem" ver implementado, acrescentou Mélenchon.
Mélenchon desafiou assim os partidos de centro e de direita, que nas últimas semanas têm afirmado repetidamente que a presença de ministros da LFI num governo é uma linha vermelha.
Essa rejeição voltou a manifestar-se na sexta-feira, durante a primeira série de entrevistas no palácio do Eliseu entre o Presidente francês, Emmanuel Macron, e dirigentes políticos dos partidos com assento no parlamento para tentar resolver o impasse político que o país atravessa após as recentes eleições legislativas antecipadas.
Nenhum partido ou coligação chegou perto da maioria na Assembleia Nacional, mas o bloco da esquerda (Nova Frente Popular, NFP) adiantou-se no número de lugares e reivindica para si o cargo de primeiro-ministro, para o qual indicou Lúcia Castets.
No entanto, os três partidos que compõem o bloco `macronista` e a direita conservadora têm insistido que a presença de ministros da LFI num executivo implicaria o seu apoio a uma moção de censura.
"Mélenchon abre caminho para apoiar, sem a participação da LFI, um governo de Lucie Castets. O pretexto da presença dos ministros da LFI já não existe", reagiu também o primeiro secretário do Partido Socialista (PS), Olivier Faure.
"Aguardamos, agora, a resposta de todos aqueles que pensaram ter encontrado uma forma de rejeitar o NFP em bloco" no governo, acrescentou Faure numa mensagem na rede social X.
Macron retomará a sua ronda de reuniões na segunda-feira, incluindo uma com os líderes do Reunião Nacional, de extrema-direita, partido de Marine Le Pen e Jordan Bardella.