Médio Oriente. Retomadas negociações para cessar-fogo sem participação do Hamas

por Inês Moreira Santos - RTP
Florion Goga - Reuters

As conversações para um acordo de trégua entre Israel e o Hamas foram retomadas esta quinta-feira, em Doha. Mediadores internacionais reuniram-se num último esforço, depois de terem sido suspensas as negociações, para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Não se espera, contudo, que participem intervenientes do movimento islamita palestiniano nestas negociações.

A reunião foi pedida e promovida pelos mediadores internacionais para discutir um acordo de cessar-fogo em Gaza, começa esta quinta-feira em Doha, Catar, e deve prolongar-se durante vários dias, com a ausência do movimento islamita palestiniano Hamas. Esta nova ronda de negociações visa parar a guerra em Gaza e garantir a libertação dos reféns israelitas, de acordo com uma fonte citada pela Reuters.

Este mais recente esforço acontece numa altura em que se receia a escalada do conflito no Médio Oriente com a ameaça de um ataque iraniano em território israelita.

Para os mediadores, um acordo de cessar-fogo é a melhor solução para evitar que o conflito se alargue na região do Médio Oriente. Não foram, para já, confirmados os mediadores internacionais mas estarão a participar nas negociações os Estados Unidos, o Catar e o Egito, assim como uma delegação israelita - o primeiro-ministro israelita aprovou o envio de uma equipa de negociadores chefiada pelo líder dos serviços secretos estrangeiros de Israel (Mossad), David Barnea, pelo seu homólogo dos serviços internos, Ronen Bar, e pelo major-general Nitzan Alon, que supervisiona as conversações em nome do Exército.

Embora o Hamas se tenha recusado a participar, sabe-se que o movimento concordou com uma proposta de acordo da Administração norte-americana. O movimento islamita palestiniano admitiu também estar disponível para conversações com os mediadores caso haja “desenvolvimentos ou uma resposta séria da parte de Israel”.

“A nossa posição é clara: não vamos a novas rondas de negociação. Iremos apenas implementar o que foi acordado”
, disse Basem Naim, um membro do movimento político do Hamas, à CNN na terça-feira.

Os Estados Unidos acreditam que o recomeço das negociações é “promissor”, mas não esperam que haja uma resolução já no final do dia desta quinta-feira. De acordo com o mediador norte-americano para o conflito Líbano-Israel, Amos Hochstein, a reunião deverá prolongar-se “durante vários dias”.

“Ainda há muito trabalho a ser feito. Dada a complexidade do acordo, não prevemos sair dessas conversas hoje com um acordo. Na verdade, espero que as conversas continuem amanhã”, afirmou também aos jornalistas o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.

Em cima da mesa está um acordo que permitiria a troca dos 111 reféns israelitas ainda detidos na Faixa de Gaza pela libertação de prisioneiros palestinianos em Israel, apesar de as partes estarem em confronto há meses sobre uma linha vermelha: o fim definitivo dos combates e a retirada das tropas israelitas do enclave.

A comunidade internacional está a pressionar as partes para que cheguem a um acordo de cessar-fogo, com o objetivo também de diminuir as tensões no Médio Oriente, agravadas pela morte do líder do Hamas Ismail Haniyeh, num atentado em Teerão - que o Irão e o movimento palestiniano atribuíram a Israel -, e pelo ataque israelita em Beirute que matou o “número dois” da milícia xiita Hezbollah, Fuad Shukr.

Estas negociações em Doha são retomadas esta quinta-feira, dia em que o número de mortes na Faixa de Gaza em resultado da ofensiva israelita ultrapassou os 40 mil, na maioria civis, de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas.
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