Médio Oriente. EUA preparam possível escalada no conflito com acelerar da mobilização

por Andreia Martins - RTP
Um aparelho E-2D Hawkeye dá entrada no porta-aviões USS Abraham Lincoln no Oceano Pacífico. Fotografia divulgada a 11 de agosto de 2024. Marinha norte-americana via Reuters

O secretário de Defesa norte-americano, Lloyd Austin, antecipou no domingo a chegada ao Médio Oriente de um submarino com mísseis guiados e de um grupo de porta-aviões dos EUA. A medida surge numa altura em que se aguarda uma resposta iraniana aos assassinatos de dois líderes do Hamas e do Hezbollah, no final de julho.

A decisão norte-americana às últimas horas de domingo seguiu-se a um telefonema entre Llyod Austin e o ministro israelita da Defesa, Yoav Galant.

Em comunicado, o Pentágono reiterou o “compromisso dos Estados Unidos em tomar todas as medidas possíveis para defender Israel” e destacou “o reforço da postura e das capacidades das forças militares norte-americanas em todo o Médio Oriente perante a escalada das tensões regionais”.

Na prática, o responsável norte-americano deu ordens para uma navegação mais rápida dos meios já destacados para esta região do globo: o USS Georgia, um submarino com mísseis guiados que já estava implantado no Mar Mediterrâneo desde julho, e o grupo de ataque do porta-aviões USS Abraham Lincoln, que esteve na região da Ásia-Pacífico e irá substituir o grupo de ataque do porta-aviões USS Theodore Roosevelt.

Na semana passada, Llyod Austin tinha confirmado que a chegada deste grupo de ataque à região deveria acontecer até ao final de agosto.
Tensão regional
Desde o início do mês que Washington tinha confirmado que iria enviar reforços adicionais para a região do Médio Oriente após a recente escalada do conflito a nível regional.
O Hezbollah e o Hamas são dois movimentos próximos do Irão e opostos a Israel.
A 27 de julho, um míssil atingiu um campo de futebol nos Montes Golã, território ocupado por Israel. Morreram 12 crianças e jovens entre os 8 e os 14 anos de idade, num ataque lançado a partir do Líbano, ainda que o Hezbollah tenha negado a autoria do mesmo.

Dias depois, a 30 de julho, um ataque israelita em Beirute provocou a morte de Fuad Shukr, principal comandante militar do Hezbollah.

No dia seguinte, a 31 de julho, um ataque não reivindicado em Teerão matou Ismail Haniyeh, líder político do Hamas, no mesmo dia da tomada de posse do novo presidente iraniano, Ismail Haniyeh.
“Mitigar danos civis”
Para além da preparação para uma escalada regional do conflito, os dois líderes – Austin e Gallant – também discutiram “a importância de mitigar os danos civis, os progressos no sentido de garantir um cessar-fogo e a libertação dos reféns detidos em Gaza” desde o ataque do Hamas, a 7 de outubro.

No sábado, um ataque israelita contra uma escola e uma mesquita transformadas em abrigo para palestinianos deslocados na Faixa de Gaza provocou mais de 100 vítimas mortais, de acordo com as autoridades palestinianas.

O ataque foi amplamente condenado pela comunidade internacional, ainda que Israel tenha negado os números avançados, afirmando que foram eliminados “pelo menos 19 terroristas” que operavam a partir do interior da escola visada e que foram tomadas “medidas” para reduzir o risco de atingir civis.

Também nos últimos dias, o Exército israelita emitiu uma nova ordem de evacuação imediata de Khan Younis, no sul de Gaza, forçando um novo êxodo de milhares de palestinianos. O objetivo, segundo as forças israelitas, passa por expulsar os militantes do Hamas que se terão reagrupado nesta cidade.  

Ao fim de mais de dez meses de conflito, o Ministério da Saúde de Gaza avançou esta segunda-feira com um novo balanço do número de vítimas mortais no enclave desde 7 de outubro: pelo menos 39.897 mortos do lado palestiniano desde o início da ofensiva israelita em Gaza.
Apelos de cessar-fogo
No domingo, o Hamas vincou em comunicado que os Estados Unidos, Egito e Catar devem apresentar um novo plano para um cessar-fogo com base na proposta do presidente norte-americano, Joe Biden, apresentada há mais de dois meses

A nova proposta deve surgir em vez de serem encetadas "mais rondas de negociações ou novas propostas que dêem cobertura à agressão" de Israel. O Hamas considerou ainda que tem demonstrado flexibilidade neste processo de negociações, mas que as ações de Telavive só demonstram que não há uma tentativa séria do lado israelita em alcançar um cessar-fogo.

Esta segunda-feira, uma declaração conjunta por parte de França, Alemanha e Reino Unido apela a um cessar-fogo em Gaza, ao regresso dos reféns detidos pelo Hamas e à entrega de ajuda humanitária sem restrições.

“Os combates devem terminar de imediato e todos os reféns ainda detidos pelo Hamas devem ser libertados. O povo de Gaza precisa da entrega e distribuição urgente e irrestrita de ajuda”, refere a declaração, assinada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, pelo chefe do Governo alemão, Olaf Scholz, e pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.
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