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Médicos Sem Fronteiras sobre ataques a alvos militares em Gaza. "Um hospital será sempre um hospital"

por RTP

Foto: João Marques - RTP

João Antunes, gestor de operações dos Médicos Sem Fronteiras, denunciou um efeito "verdadeiramente apocalíptico" da guerra em Gaza e considerou que a população civil é a "principal perdedora" deste conflito.

Em entrevista à RTP3, criticou o uso de "armamento pesado" em zonas altamente povoadas e enfatizou que a organização Médicos Sem Fronteiras teve de retirar equipas de 14 estruturas de saúde por falta de condições de segurança.

Questionado sobre a presença de alvos militares em escolas ou hospitais, argumentou: "Uma escola será sempre uma escola, um hospital será sempre um hospital", alertando para as consequências diretas de bombardear este tipo de locais.

A decisão de continuar a bombardear locais com civis "ou é intencional ou é extrema negligência e incompetência", considerou.

Recorrendo ao histórico da Médicos Sem Fronteiras, João Antunes destacou o carácter inédito deste conflito, ao registar vários episódios num curto espaço de tempo em que a ajuda humanitária também foi um alvo.

Até ao momento já morreram seis médicos que trabalhavam para a MSF. A organização está agora em nove estruturas de saúde do enclave palestiniano. "Queríamos estar em muitas mais", assumiu o responsável.

Sobre a deterioração das condições humanitárias em Gaza, João Antunes destaca a eclosão de doenças como a polio, difteria ou o sarampo, mas também a desnutrição.

São as "mortes silenciosas" que não se contabilizam diretamente como vítimas deste conflito, frisou.
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