A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) defendeu hoje a necessidade urgente de proteger civis em Gaza e reabrir rapidamente a passagem de fronteira em Rafah.
Num comunicado hoje divulgado, a MSF lembra que "as pessoas encurraladas em Gaza cairão ainda mais nas profundezas de um enorme desastre humanitário (...) com a tomada de controlo da passagem de fronteira" em Rafah, no âmbito da guerra que opõe Israel ao grupo islamita Hamas.
"O encerramento desse importante ponto de entrada em Gaza está a comprometer a resposta humanitária, deixando provisões em níveis perigosamente baixos, incluindo combustível, alimentos, medicamentos e água, e a deixar as pessoas com ainda menos alternativas para fugir aos combates", explica o comunicado desta organização não governamental.
A MSF afirma que a ordem de evacuação na região reduziu ainda mais o acesso a cuidados médicos "num sistema de saúde já dizimado", lembrando que a equipa média e os doentes do hospital Al-Najjar tiveram de abandonar aquela unidade de saúde e que também o Hospital Europeu em Gaza está inativo.
"Embora a MSF ainda esteja a realizar atividades no hospital de campanha indonésio, as nossas equipas começaram a dar alta a alguns pacientes que cumpriam critérios necessários. Além disso, suspendemos atividades na clínica Al-Shaboura", informou a organização.
O Exército israelita confirmou hoje a tomada da parte palestiniana da passagem de Rafah, um dos principais pontos de entrada de ajuda humanitária no enclave, no âmbito do que descreve como uma "atividade dirigida" em "áreas limitadas" contra as "infraestruturas terroristas" do Hamas.
A operação foi lançada horas depois de o gabinete de guerra criado em Israel após os ataques do Hamas de 07 de outubro ter concordado prosseguir com a sua ofensiva, depois de o grupo islâmico palestiniano ter declarado que tinha aceitado uma proposta de cessar-fogo apresentada através do Qatar e do Egito.
Entretanto, as forças armadas israelitas anunciaram hoje a reabertura da passagem de Kerem Shalom, no sul de Gaza, um ponto de entrada de ajuda humanitária que tinha sido encerrado há três dias.
O fecho da passagem, pelas forças de Israel, ocorreu depois de um ataque com foguetes de artilharia do Hamas que provocou a morte a quatro soldados israelitas.
Rafah tem sido um canal para a ajuda humanitária desde o início da guerra e é o único ponto por onde as pessoas podem entrar e sair do enclave.
Israel controla atualmente todos os postos fronteiriços do território palestiniano.