Médicos Sem Fronteiras. Maioria das vítimas na Faixa de Gaza são mulheres e crianças

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Os escombros de edifícios destruídos na sequência de ataques israelitas, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, a 11 de outubro Ibraheem Abu Mustafa - Reuters

Centenas de mortos, milhares de feridos e reféns, hospitais sobrelotados. A situação em Gaza é catastrófica, com o aumento da intensidade da violência e dos bombardeamentos na região, bloqueada por Israel, o sistema de saúde está a começar a entrar em colapso. A Médicos Sem Fronteiras (MSF) apelou, esta quinta-feira, ao fim da violência indiscriminada e da "punição coletiva" de Gaza que tem resultado num "derramamento de sangue" maioritariamente de mulheres e crianças.

Num comunicado divulgado esta quinta-feira a organização internacional médica-humanitária no terreno disse estar “horrorizada com o brutal assassinato em massa de civis perpetrado pelo Hamas e com os ataques maciços a Gaza que estão a ser levados a cabo por Israel”.

A Médicos Sem Fronteiras (MSF) explica que o número de feridos “é extremamente elevado, com um afluxo constante a todos os hospitais da Faixa de Gaza” e que os hospitais estão sobrelotados e as equipas médicas “naturalmente, exaustas, trabalhando sem parar para tratar os feridos”.

A organização que tem relatado a situação através das redes sociais informou, esta quinta-feira, através de uma publicação na rede social X, antigo Twitter, que a maioria dos feridos pelos ataques são mulheres e crianças. 


Segundo Ayman Al-Djaroucha, vice-coordenador do projeto em Gaza, também na quarta-feira “todos os pacientes que recebemos em #Gaza eram crianças entre os dez e 14 anos - aqui, a maioria dos feridos são mulheres e crianças, pois estão mais frequentemente nas casas destruídas pelos ataques”, escreveu a MSFna rede social X.

A população de Gaza está atualmente presa na região e privada de todas as suas necessidades básicas, devido ao bloqueio total imposto por Israel de abastecimento de água, alimentos, eletricidade, combustível, medicamentos, equipamento médico ou à entrada de assistência humanitária na Faixa de Gaza.

Na Faixa de Gaza a grande preocupação é atualmente a questão humanitária como testemunharam os enviados especiais da RTP a Israel, José Manuel Rosendo e Marques de Almeida.

A Médicos Sem Fronteiras defende que “a declaração de guerra não deve, em caso algum, conduzir a uma punição coletiva da população de Gaza" e apela às autoridades israelitas para “facilitar, a passagem fronteiriça de Rafah, com o Egito” e pôr termo aos bombardeamentos no ponto de passagem. “As instalações e o pessoal médico têm de ser protegidos e respeitados; os hospitais e as ambulâncias não são alvos. O cerco imposto pelo governo israelita é inaceitável” afirma a MSF em comunicado.

A organização defende que é “necessário criar espaços seguros” uma vez que os “homens, as mulheres e as crianças que não participam nas hostilidades não têm um refúgio seguro para onde ir” e deste modo apela às autoridades e fações de Israel e da Palestina para estabelecerem espaços seguros.

“O que é que as pessoas podem fazer? Para onde é suposto irem?" questiona Matthias Kennes, chefe de Missão de MSF em Gaza, perante um cenário de destruição que a organização considerar ultrapassar as escaladas anteriores e que tem impossibilitado a prestação de assistência humanitária no terreno.

Também esta quinta-feira as Nações Unidas e a Cruz Vermelha alertaram para a iminência de um crise humanitária em massa na Faixa de Gaza, com o perigo de colapso do sistema de saúde, apontado pelo ministério da Saúde de Gaza diz que o sistema de saúde está a começar a entrar em colapso. Segundo dados da ONU, apenas oito dos 22 centros de saúde que operam em Gaza estão a funcionar.
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