O mediador norte-americano junto de Israel e do Líbano, Amos Hochstein, encontrou-se hoje com o ex-ministro da Defesa israelita Yoav Gallant, após este ter sido alvo de um mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional (TPI).
"Tive conhecimento dos importantes progressos registados na via para um acordo que garanta o regresso em segurança dos habitantes do norte [de Israel] às suas casas", afirmou Gallant, que foi demitido do seu cargo pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, há duas semanas, devido a divergências sobre a gestão dos conflitos no Líbano e Gaza.
Gallant afirmou que, no último ano, manteve dezenas de conversações e reuniões com Hochstein e outros altos funcionários norte-americanos sobre a questão do Líbano, nas quais expôs três requisitos para um cessar-fogo com o grupo xiita libanês Hezbollah, com o qual Israel está envolvido numa troca de tiros desde 08 de outubro de 2023 e que se intensificou há dois meses.
As três exigências de Gallant passam por eliminar as forças do Hezbollah e desmantelar a sua estrutura "terrorista" no sul do Líbano; criar um mecanismo internacional para impedir a sua reconstrução e reforço, preservando a "liberdade de ação" do exército israelita com "total apoio dos Estados Unidos"; e cortar as rotas de abastecimento do Hezbollah e a ligação à Guarda Revolucionária do Irão, por terra, mar e ar.
"Graças às nossas conquistas militares e de segurança durante o meu tempo à frente da instituição de segurança, Israel pode e deve devolver os retornar do norte às suas casas", sublinhou ex-ministro da Defesa, acrescentando que a pressão militar no Líbano abre também caminho para "completar os objetivos de guerra" em Gaza e resgatar os reféns.
A Casa Branca não divulgou qualquer informação sobre a agenda de reuniões e os resultados alcançados por Hochstein, que se reuniu na quinta-feira com Netanyahu, com o atual ministro da Defesa, Israel Katz, e com o chefe do Estado-Maior, Herzi Halevi.
Antes de chegar a Israel, na quinta-feira à noite, Hochstein esteve em Beirute, onde se reuniu durante duas horas com o presidente do parlamento libanês, Nabih Berri, e afirmou ter feito "progressos" no projeto de acordo de paz entre Israel e o Líbano.
Segundo Berri, uma figura em quem o Hezbollah confia para a mediação, falta apenas "discutir alguns pormenores técnicos e tomar uma decisão", uma vez terminada a visita de Hochstein a Israel.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu na quinta-feira mandados de detenção contra Netanyahu e Gallant por crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Gaza.
O TPI não tem força policial para prender suspeitos, mas os seus 125 Estados-membros, entre os quais o Reino Unido e os países da União Europeia, têm o dever de cooperar com o tribunal. Nem os Estados Unidos nem Israel são partes integrantes desta instância judicial internacional.
A troca de tiros na fronteira entre Israel e o Hezbollah, que dura há mais de um ano, já matou mais de 3.500 pessoas no Líbano, a maioria das quais desde que o exército israelita intensificou a campanha de bombardeamentos contra o país vizinho, em 23 de setembro.
Israel calcula que cerca de 2.500 das vítimas mortais eram milicianos do grupo xiita.
Do lado israelita, 78 pessoas foram mortas por ataques lançados a partir do Líbano, das quais 47 eram civis (seis dos quais estrangeiros).
Israel afirma querer afastar o Hezbollah das regiões fronteiriças do sul do Líbano para garantir o regresso a casa de cerca de 60 mil residentes do norte de Israel deslocados pelo conflito há mais de um ano.
No Líbano, dezenas de milhares de residentes também foram deslocados das suas casas devido ao conflito.