A primeira-ministra britânica "perdeu a aposta" com o desfecho das legislativas antecipadas no Reino Unido, que deixaram os conservadores sem maioria absoluta no Parlamento. A avaliação é do comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros. Pierre Moscovici faz notar que Theresa May está agora em "situação menos simples" para negociar o Brexit.
"A senhora May, que esperava uma situação mais confortável, perdeu a aposta e encontra-se, por isso, numa situação menos simples, até porque esta manhã não conhecemos a configuração do governo", apontou o comissário europeu, em declarações à rádio Europe 1.
A primeira-ministra britânica, teorizou o francês Pierre Moscovici, pode tentar entendimentos com os unionistas irlandeses, que "tradicionalmente têm posições próximas dos conservadores".
Por sua vez, Günther Oettinger, comissário com o portefólio do Orçamento, colocou a tónica no complexo dossier das negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia.
"Precisamos de um governo capaz de agir, que possa negociar a saída da Grã-Bretanha", sublinhou o responsável, para acrescentar que um governo britânico com escassa solidez parlamentar abre caminho a que "as negociações sejam más para ambas as partes".
"Liderança forte"?
Quando estavam apurados 643 dos 650 assentos parlamentares, os tories de Theresa May garantiam 313 deputados, aquém dos 326 necessários para garantir a maioria absoluta. O Partido Trabalhista, de Jeremy Corbyn, somava 260 assentos na Câmara dos Comuns.
Na última madrugada, ao reagir aos resultados, a primeira-ministra insistia na promessa de uma "liderança forte". Já Jeremy Corbyn não hesitou em sugerir à governante uma saída de cena. "Para mim, seria o suficiente para ir embora e abrir caminho a um governo verdadeiramente representante de todas as pessoas neste país", estimou.
Há outras vozes europeias, como a do primeiro-ministro francês, a apontar para a importância da solidez do futuro executivo britânico no quadro das negociações do Brexit. "Discussões que serão longas e complexas", frisou Edouard Philippe.
Mark Rutter, o primeiro-ministro holandês, resumiu o estado de espírito entre os diretórios europeus: "Os britânicos escolheram. Resta saber o que este dado novo vai significar para o Brexit. Para tal, é preciso esperar".
c/ agências internacionais