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Mau tempo abate-se sobre a Catalunha. Autoridades procuram organizar resposta em Valência

por Cristina Sambado, Carlos Santos Neves - RTP
Nacho Doce - Reuters

O litoral de Barcelona, na Catalunha, estava, ao final da manhã desta segunda-feira, sob aviso vermelho, com a chuva a causar inundações e a dificultar a mobilidade. Já em Valência, o dia começou sem aulas, com restrições de trânsito e trabalhos de recuperação.

Depois de Valência, é a Catalunha que enfrenta as consequências do mau tempo. O litoral de Barcelona encontra-se sob aviso vermelho e multiplicam-se já vídeos nas redes sociais.No Aeroporto El Prat, em Barcelona, pelo menos 50 voos foram cancelados ou sofreram atrasos. Há mesmo zonas inundadas, com passageiros a caminharem descalços.

A circulação de comboios foi suspensa e o trânsito condicionado por cortes de estradas. A Proteção Civil pede prudência à população.

A Catalunha acordou com quase toda a província de Tarragona em estado de alerta devido às chuvas que caíram durante a noite e a Generalitat emitiu avisos que afetam quase metade da comunidade catalã, abrangendo as regiões de Tarragona, o sul e o centro de Barcelona e parte dos Pirenéus.Em algumas cidades do sul e ao longo da costa da Catalunha, caíram até 150 litros por metro quadrado durante a noite. Os bombeiros receberam 164 chamadas por inundação de pisos térreos e uma família teve de ser retirada da sua habitação.

A Generalitat da Catalunha suspendeu as aulas e estabeleceu restrições de mobilidade em nove regiões do sul da comunidade entre a meia-noite e o meio-dia.

O Tribunal Superior de Justiça da Catalunha decidiu igualmente suspender os atos judiciais nos tribunais da província de Tarragona.

O Instituto de Meteorologia catalão, Meteocat, emitiu um aviso de intensidade de precipitação para os municípios de Vallès Occidental, Bages, Barcelona, Maresme, Vallès Oriental e Moianès, onde é possível a ocorrência de precipitação com uma intensidade de 20 mm em 30 minutos.

Valência

O rei Felipe VI presidiu esta segunda-feira, na sede da Unidade Militar de Emergência (UME), à reunião do comité de crise da Dana
, um dia depois de ter visitado Paiporta, um dos epicentros da tragédia na Comunidade Valenciana, onde centenas de pessoas apuparam os monarcas espanhóis, juntamente com o presidente do Governo, Pedro Sánchez, e o presidente da Comunidade, Carlos Mazón.
O governo regional valenciano, onde morreram pelo menos 213 pessoas no temporal de terça-feira da semana passada, decidiu prolongar por 48 horas a proibição de acesso a dez localidades nos arredores da cidade de Valência, que foi pela primeira vez adotada no domingo.

As autoridades justificam a decisão com o objetivo de facilitar os trabalhos de garantia e restabelecimento dos serviços essenciais nas zonas afetadas, incluindo a distribuição de água e alimentos e a reposição total do fornecimento de energia e das telecomunicações.

Em Valência, os trabalhos das equipas de resgate estão a concentrar-se agora em garagens e parques de estacionamento que permanecem alagados.  Há ainda cerca de três mil casas sem eletricidade e metade das redes de telemóvel ainda não foram repostas.

O presidente da Câmara de Adaia, Guillermo Luján, assegurou que o parque de estacionamento do centro comercial Bonaire, com capacidade para cinco mil veículos, estava “num nível mínimo de ocupação” quando ocorreram as inundações na passada terça-feira.
Ana Romeu, correspondente da RTP em Espanha

Esta segunda-feira, os bombeiros revelaram que as cerca de 50 a 60 viaturas que se encontravam no parque subterrâneo estavam vazias e que no domingo percorram "todo o parque de estacionamento e felizmente não encontrámos nenhum corpo”.

A Guardia Civil, que aumentou para cerca de 5.200 o número de efetivos destacados nas zonas da província de Valência afetadas pela DANA, realizou mais de 36.115 salvamentos e resgates de pessoas em povoações e nas vias rodoviárias.

Quase uma semana após o temporal, a província de Valência, a mais afetada pelas cheias e onde vivem mais de 2,6 milhões de pessoas, continua a ter estradas cortadas ou condicionadas, assim como limitações nas redes do metro e dos comboios suburbanos.

As autoridades fizeram um apelo ao teletrabalho esta semana em todas as atividades que não estejam relacionadas com os serviços essenciais e decidiram manter as escolas e universidades fechadas nos próximos dias. Vinte e dois municípios da comunidade de Valência informaram o Ministério Regional da Educação de que não poderão prestar serviços educativos durante esta semana, de 4 a 8 de novembro, enquanto outros avançaram com encerramentos específicos.

O navio Galicia, da Marinha espanhola, chegou esta segunda-feira ao porto de Valência para se juntar aos trabalhos de reconstrução na sequência dos danos causados pelo temporal em várias zonas da província, segundo o Ministério da Defesa.


Com 100 fuzileiros do Tercio de la Armada a bordo, o navio transporta camiões com alimentos, água, material de apoio e um helicóptero SH-60F.

Também esta segunda-feira, a ministra da Defesa, Margarita Robles, garantiu que “em todas as localidades afetadas pelo DANA há militares, embora seja verdade que as zonas foram priorizadas, porque salvar uma vida não é o mesmo que salvar um carro, mas em todas as localidades há exército”.

Quando à rede de saneamento e de água, continua a ter as maiores perturbações, mas em todas as zonas afetadas está já garantido algum tipo de fornecimento de água para limpeza que, porém, não é própria para consumo humano.

Oito estradas nas províncias de Valência e Castellón permanecem fechadas ou intransitáveis esta segunda-feira devido às fortes chuvas causadas pelo temporal.

c/ agências
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