O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa lamentou hoje a morte do antigo chefe de Estado da Finlândia e Nobel da Paz em 2008, Martti Ahtisaari, lembrando a sua dedicação à "prevenção de conflitos e mediação da paz".
Marcelo Rebelo de Sousa enviou uma mensagem de condolências ao seu homólogo finlandês, Sauli Niinistö, pela morte de Martti Ahtisaari, destacou a presidência numa nota publicada na sua página na Internet.
"Figura de relevo internacional, Martti Ahtisaari dedicou décadas de trabalho à causa da prevenção de conflitos e mediação da paz, em vários países e diferentes continentes, constituindo um exemplo para todos os que acreditam na resolução pacífica das contendas entre nações", sublinhou.
O Presidente português lembrou ainda que Martti Ahtisaari era chefe de Estado da Finlândia quando o seu país aderiu à União Europeia, deixando assim "também o seu legado ao projeto europeu e às gerações futuras".
Martti Ahtisaari morreu hoje, aos 86 anos.
"Ele foi Presidente em tempos de mudança, conduziu a Finlândia para uma era global da União Europeia", referiu o Presidente da Finlândia.
Em 2021 foi anunciado que Ahtisaari tinha doença de Alzheimer avançada.
Entre as suas realizações mais notáveis, Ahtisaari ajudou a alcançar acordos de paz relacionados com a retirada da Sérvia do Kosovo no final da década de 1990, catapultou a independência Namíbia na década de 1980 e a autonomia da província de Aceh na Indonésia em 2005.
Ahtisaari esteve também envolvido no processo de paz da Irlanda do Norte no final da década de 1990, tendo sido encarregado de monitorizar o desarmamento do IRA.
Quando o Comité Norueguês do Nobel da Paz escolheu Ahtisaari, em outubro de 2008, explicou a decisão com "os seus importantes esforços, em vários continentes e ao longo de mais de três décadas, para resolver conflitos internacionais".
Ahtisaari, que foi Presidente do país nórdico durante um mandato de seis anos -- de 1994 a 2000 -- fundou, mais tarde, a Iniciativa de Gestão de Crises, com sede em Helsínquia, destinada a prevenir e resolver conflitos violentos através do diálogo informal e da mediação.
Nascido em 23 de junho de 1937, na cidade oriental de Viipuri, hoje na Rússia, Ahtisaari foi professor primário antes de ingressar no Ministério dos Negócios Estrangeiros da Finlândia, em 1965.
Passou cerca de 20 anos no estrangeiro, primeiro como embaixador na Tanzânia, Zâmbia e Somália e depois para as Nações Unidas em Nova Iorque.
Depois disso, juntou-se à ONU, trabalhando na sua sede em Nova Iorque, antes de chefiar a operação da s Nações Unidas que levou a independência da Namíbia em 1990.
Ahtisaari envolveu-se profundamente em atividades destinadas a preparar os namibianos para a independência durante o seu mandato diplomático em África na década de 1970.
Foi nomeado representante especial da Namíbia pelo então secretário-geral da ONU, Kurt Waldheim, em 1978, e é amplamente creditado por liderar a nação africana até à independência no seu mandato como chefe das forças de manutenção da paz da ONU no final da década de 1980.
O Governo da Namíbia agradeceu o trabalho de Ahtisaari e mais tarde fez dele cidadão honorário do país.
Depois de regressar à Finlândia em 1991, Ahtisaari trabalhou como secretário de Estado do Ministério dos Negócios Estrangeiros antes de ter sido, em 1994, o primeiro chefe de Estado finlandês a ser eleito diretamente, em vez de através de um colégio eleitoral.