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Marcelo antecipa dificuldades na Assembleia Geral da ONU

por RTP
“Um momento difícil”. É assim que Marcelo Rebelo de Sousa avalia o atual estado das relações internacionais que enquadra a 73ª sessão da Assembleia Geral da ONU Jason Szenes - EPA

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, antecipa dificuldades na Assembleia Geral das Nações Unidas, que se realiza esta semana em Nova Iorque, e elogia o papel do secretário-geral da ONU, António Guterres.

“Um momento difícil”. É assim que Marcelo Rebelo de Sousa avalia o atual estado das relações internacionais que enquadra a 73ª sessão da Assembleia Geral da ONU.

Razões para reconhecer “mérito” à atuação do secretário-geral, o português António Guterres. “Ele tem conseguindo ir ultrapassando, torneando obstáculos cada vez mais difíceis”, acrescentou o Presidente.

Após um encontro com o secretário-geral da ONU, Marcelo Rebelo de Sousa assumiu que o contexto internacional não é favorável a convergências, que considera indispensáveis, para ajudar a resolver vários problemas à escala global.

"Com uma paciência, com uma inteligência, com uma argúcia notáveis, tem conseguido pôr a falar com as Nações Unidas e às vezes entre si países que de outra forma não falariam", acrescentou.

Frederico Moreno, enviado especial da Antena 1 a Nova Iorque

Em Nova Iorque, depois de conversar com António Guterres, o Chefe de Estado defendeu que Portugal deve ser cada vez mais um fator de união entre as diversas nações e expressou o “apoio ao secretário-geral, às suas prioridades, à sua atividade incansável e excecional, num ambiente muito difícil”.

O empenho no multilateralismo e o combate às alterações climáticas são algumas das áreas em que Portugal secunda as opções de Guterres que são, muitas vezes, contrárias às expressas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Entre os temas quentes que dividem o mundo, o Presidente da República fala da “querela entre comércio livre e protecionismo”, “o debate entre o multilateralismo e unilateralismo”, e “os afrontamentos recentes”.
"Todos os nossos parceiros"
Interrogado se discutiu com Guterres as posições da atual administração norte-americana, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Quando nós discutimos o multilateralismo, isso significa a preocupação de chamar todos a esse esforço, todos os nossos parceiros".

"Temos uma relação antiga, histórica, com os Estados Unidos da América, a nossa relação transatlântica é importante e nós achamos que é fundamental o entendimento entre os Estados Unidos da América e a Europa", reiterou.

Há, para Marcelo Rebelo de Sousa, evoluções positivas como no caso da Coreia do Norte, “um domínio raro em que houve passos positivos entre a última Assembleia Geral e esta Assembleia Geral" da ONU”.

Marcelo Rebelo de Sousa destacou ainda o contributo dos militares portugueses para missões das Nações Unidas como a da República Centro-Africana e salientou que Portugal irá acolher em 2020 uma conferência da ONU sobre os oceanos, uma "prioridade" comum.

Segundo uma nota divulgada pelas Nações Unidas sobre esta reunião, "o secretário-geral elogiou o papel de liderança de Portugal em relação aos oceanos", saudando "a oferta para acolher, juntamente com o Quénia, uma conferência dos oceanos em 2020".

Na conversa com António Guterres ainda houve tempo para avaliar as eleições na Guiné-Bissau e o processo de paz em Moçambique.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, também participou nesta reunião, que decorreu no gabinete do secretário-geral das Nações Unidas.
Cimeira de Paz

Esta segunda-feira, o Presidente da República discursa na Cimeira de Paz Nelson Mandela inspirada no exemplo do antigo presidente sul-africano, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.

À tarde, Marcelo Rebelo de Sousa tem previstos encontros bilaterais com os presidentes da República do Quénia, Uhuru Kenyatta, e das ilhas do Palau, Tommy Remengesau.

Na quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa irá discursar na 73.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. É a segunda vez que o Presidente português discursa perante os 193 Estados-membros da ONU. No ano passado, foi o primeiro-ministro, António Costa, quem representou o Estado português na 72.ª sessão da Assembleia Geral da ONU.

O debate geral desta 73.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas tem início na terça-feira de manhã, com intervenções dos chefes de Estado do Brasil, Michel Temer, dos Estados Unidos da América, Donald Trump, de França, Emmanuel Macron, do Peru, Martín Vizcarra, e do Irão, Hassan Rohani, entre outros.

O debate geral deste ano da Assembleia Geral das Nações Unidas tem como tema "Tornar a ONU relevante para todos: Liderança global e responsabilidade partilhada para sociedades pacíficas, equitativas e sustentáveis".
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