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Mar Vermelho. EUA e Reino Unido repeliram "maior ataque" dos Houthis

por Cristina Sambado - RTP
Houthi Military Media/Handout via Reuters

As forças dos EUA e Reino Unido abateram, na terça-feira, 18 drones e três mísseis disparados pelos rebeldes Houthis, num “complexo ataque” no Mar Vermelho, em direção às vias marítimas internacionais, adianta o Pentágono.

"Os Houthis, apoiados pelo Irão, lançaram um ataque complexo de conceção iraniana no sul do Mar Vermelho, utilizando drones, mísseis de cruzeiro antinavio e um míssil balístico antinavio", declarou o Comando dos EUA para o Médio Oriente (Centcom).

Segundo o Centcom, “18 drones, dois mísseis de cruzeiro e um míssil antinavio foram abatidos por caças do porta-aviões norte-americano Dwight D. Eisenhower, três contratorpedeiros norte-americanos e um navio de guerra britânico, o HMS Diamond.”Não se registaram danos ou feridos em resultado dos ataques.

“Este é o 26.º ataque dos Houthis às rotas marítimas comerciais no Mar Vermelho desde 19 de novembro. Os navios são aconselhados a transitar com cautela e a comunicar qualquer atividade suspeita”, lê-se num comunicado do Centcom.

O secretário de Estado da Defesa do Reino Unido, Grant Shapp, revelou na rede social X que se tratou do “maior ataque até à data”.


"Durante a noite, o navio britânico HMS Diamond e os vasos de guerra norte-americanos "repeliram com sucesso o maior ataque até à data dos Houthis apoiados pelo Irão no Mar Vermelho", escreveu Grant Shapps.

As forças internacionais destacadas no Mar Vermelho responderam a um incidente de segurança ao largo da costa do norte do Iémen, uma região sob o controlo dos rebeldes Houthis, tinha informado anteriormente a agência britânica de segurança marítima UKMTO.

O ataque ocorreu ao largo das cidades portuárias iemenitas de Hodeida e Mokha.

"A UKTMO recebeu informações sobre um incidente a cerca de 50 milhas náuticas (93 quilómetros) a oeste de Hodeida envolvendo drones. As forças da coligação intervieram", declarou a agência britânica que aconselha os navios a viajarem "com precaução" no Mar Vermelho.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, a 7 de outubro, os Houthis intensificaram os ataques no Mar Vermelho para impedir o tráfego marítimo internacional, alegando solidariedade com os palestinianos em Gaza.
Segundo a Associated Press, o ataque dos Houthis, apoiados pelo Irão, ocorreu apesar da votação do Conselho de Segurança da ONU, prevista para esta quarta-feira, visando condenar e exigir a cessação imediata dos ataques dos rebeldes, que afirmam que os seus ataques têm como objetivo travar a guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza.

No entanto, os seus alvos têm uma relação cada vez mais ténue ou inexistente com Israel e põem em perigo uma das rotas comerciais mais importantes do mundo, que liga a Ásia e o Médio Oriente à Europa. Esta situação aumenta o risco de um ataque de retaliação dos EUA no Iémen, que poderia pôr em causa um cessar-fogo difícil que se tem mantido no país mais pobre do mundo árabe.

Os Houthis prometeram continuar os ataques até que Israel ponha fim ao conflito em Gaza e avisaram que atacariam navios de guerra dos EUA se o próprio grupo de milícias fosse visado.

Os Houthis, um grupo xiita que detém a capital do Iémen desde 2014, não reconheceram formalmente o lançamento dos ataques. No entanto, a Al Jazeera citou um oficial militar Houthi anónimo que disse que as suas forças "tinham como alvo um navio ligado a Israel no Mar Vermelho", sem entrar em pormenores.

O Irão rejeitou os apelos dos EUA e do Reino Unido para que pusesse fim ao seu apoio aos ataques dos Houthis contra navios ligados a Israel. Uma coligação de nações liderada pelos EUA tem estado a patrulhar o Mar Vermelho para tentar evitar os ataques.Blinken no Médio Oriente

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, vai encontrar-se esta quarta-feira com o presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, para discutir a situação pós-guerra na Faixa de Gaza.

"A Autoridade Palestiniana tem a responsabilidade de se reformar e de melhorar a sua governação. Estas são questões que irei debater com o presidente Abbas", revelou Blinken.

Os EUA já advertiram Israel para poupar os civis palestinianos na Faixa de Gaza. Blinken esteve na terça-feira com vários responsáveis israelitas, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. No entanto, apesar dos numerosos esforços diplomáticos, nada parece colocar um ponto final às hostilidades entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, que já vão no seu quarto mês, enquanto a ONU faz soar o alarme sobre as condições de vida desastrosas da população no território sitiado.

"Sabemos que enfrentar um inimigo que se esconde entre a população civil, que se esconde em escolas e hospitais para disparar, torna as coisas incrivelmente difíceis. Mas o preço pago todos os dias pelos civis em Gaza, especialmente as crianças, é demasiado elevado", afirmou o chefe da diplomacia norte-americana.

Blinken reconhece que a Faixa de Gaza necessita de receber “mais alimentos, mais água e medicamentos” e instou Israel a “deixar de tomar medidas que minam a capacidade dos palestinianos se governarem”.

Os ataques israelitas centram-se, atualmente, no centro e sul da Faixa de Gaza, após os bombardeamentos maciços no norte.

O conflito no Médio Oriente, que começou a 7 de outubro, matou mais de 23 mil pessoas, a maioria mulheres, adolescente e crianças, na Faixa de Gaza.
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