Maputo foi hoje tomado pelo som de panelas a partir das 21 horas locais em resposta ao apelo do candidato presidencial Venâncio Mondlane, visando "fechar em grande" a primeira etapa da quarta fase das manifestações por si convocadas.
Os sons das panelas, apitos e colheres tomaram várias ruas da capital moçambicana, em que milhares de manifestantes começaram a tocá-los dentro de suas residências, mas à medida que o som intensificava, iam ocupando as ruas.
Nos bairros Central, Polana Caniço, Mafalala, Urbanização, Albazine, Mavalane, Maxaquene e Mahotas, no coração de Maputo, bem assim como Machava, Patrice Lumumba, Machava, Ndlavela, 1.º de maio e T-3 na província de Maputo, foram ocupadas por manifestantes chegando a condicionar o trânsito nas principais vias, com a queima de pneus.
Imagens a que a Lusa teve acesso indicam que, para além colheres, panelas paus, tambores e buzinas de carros que se juntaram aos protestos, os manifestantes aparecem e vários vídeos empunhando dísticos com escritos como ?Este país é nosso`, ?Salve Moçambique`, ?Queremos justiça`, em protestos contra os resultados eleitorais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Venâncio Mondlane apelou hoje a uma manifestação com recurso a "panelas e apitos" a partir das 21 horas locais, referindo que a ação visa "fechar em grande" a primeira etapa da terceira fase das manifestações e paralisações.
"Hoje, a partir das 21 horas todo o país, todas as cidades, postos administrativos, localidades, bairros, ruas vamos todos começar a bater as panelas onde estivermos, tocar apitos, tocar a buzina dos carros, cantar. O importante é que haja barulho em todo o país", pediu durante uma live na sua página do Facebook.
Pelo menos 11 pessoas morreram e outras 16 foram baleadas desde quarta-feira em três províncias moçambicanas nas manifestações de contestação de resultados das eleições, revelou hoje a plataforma eleitoral Decide.
Moçambique está hoje no terceiro dia da quarta fase de paralisações de contestação dos resultados eleitorais convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que nega a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, que não tem prazos para esse efeito e ainda está a analisar o contencioso.
Após protestos nas ruas que paralisaram o país nos dias 21, 24 e 25 de outubro, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo na quinta-feira, 07 de novembro, que provocou o caos na capital, com diversas barricadas, pneus em chamas e disparos de tiros e gás lacrimogéneo pela polícia, durante todo o dia, para dispersar.
Venâncio Mondlane anunciou que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral.