O antigo primeiro-ministro francês Manuel Valls vai anunciar terça-feira se é candidato à câmara municipal de Barcelona nas eleições de maio de 2019. Também está em aberto, caso avance, se o fará em lista independente ou se aceita o desafio lançado por Albert Rivera para integrar o partido anti-independência “Cidadãos”.
O convite para a conferência de imprensa, marcada para o Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona, refere que “Valls vai esclarecer a decisão no decorrer de um ato cívico”.
“Para o ato estão convidadas pessoas que acompanharam Valls durante o processo de reflexão que mantém desde o passado mês de junho e que com ele partilharam ideias para o futuro de Barcelona, refere o comunicado.
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— Manuel Valls (@manuelvalls) 21 de setembro de 2018
De acordo com a Agência France-Presse, Manuel Valls estará já a constituir equipa para a corrida autárquica. Entre os elementos convidados encontra-se o consultor político Xavier Roig, antigo conselheiro do ex-alcaide socialista Pasqual Maragall.
Fervoroso apoiante do Barça, Manuel Valls fala com orgulho das raízes catalãs e tem-se pronunciado contra a independência daquela região autónoma.
A eventual candidatura de Valls à alcaidaria de Barcelona “não será fácil”, considera o professor de Ciência Política da Universidade de Autónoma de Barcelona Oriol Bartolomeus. “É um candidato que vai causar muita divisão. Há pessoas que o vêem favoravelmente, enquanto outras o odeiam”, detalhou.
Natural de Barcelona, Manuel Valls cresceu em Paris e adquiriu a nacionalidade francesa aos 20 anos. Antigo responsável de comunicação socialista na década de 1990, Valls desempenhou vários cargos políticos em França, incluindo o de prefeito de Evry. Foi também consultor de comunicação de Lionel Jospin e, entre 2012 e 2014, ministro do Interior.
Foi nomeado primeiro-ministro por François Hollande, tendo desempenhado funções entre 2014 e 2016. Foi reeleito deputado em 2017, pela circunscrição de Evry, departamento de Essone.
Pedidos de demissão em FrançaEm Paris, os deputados de diversos quadrantes políticos, citados por Le Monde, esperam que o anúncio de candidatura de Valls seja acompanhado do pedido de demissão do lugar de deputado na Assembleia Nacional francesa.
Valls tem estado ausente dos trabalhos no Parlamento francês. Segundo a Associação Olhares cidadãos, compareceu em apenas duas sessões no hemiciclo e em mais seis em comissões parlamentares desde o início do mandato. O deputado também não apresentou propostas nem questões.
Harold Hauzy, antigo conselheiro de Manuel Valls, nota o ex-primeiro-ministro sempre defendeu a não acumulação de mandatos tendo, por isso, “poucas dúvidas sobre a sua escolha logo que chegue a uma decisão sobre a candidatura”.