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Manuel Valls prepara-se para concorrer a alcaide de Barcelona

por RTP
Charles Platiau - Reuters

O antigo primeiro-ministro francês Manuel Valls vai anunciar terça-feira se é candidato à câmara municipal de Barcelona nas eleições de maio de 2019. Também está em aberto, caso avance, se o fará em lista independente ou se aceita o desafio lançado por Albert Rivera para integrar o partido anti-independência “Cidadãos”.

Os apoiantes mais próximos de Manuel Valls avançam que o antigo primeiro-ministro francês vai concorrer à câmara da segunda maior cidade espanhola. “Não vai ser uma eleição fácil; será um verdadeiro combate político. Ele tem vontade de correr riscos”, alerta Aquilino Morelle, um dos seus apoiantes.

O convite para a conferência de imprensa, marcada para o Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona, refere que “Valls vai esclarecer a decisão no decorrer de um ato cívico”.

“Para o ato estão convidadas pessoas que acompanharam Valls durante o processo de reflexão que mantém desde o passado mês de junho e que com ele partilharam ideias para o futuro de Barcelona, refere o comunicado.

De acordo com a Agência France-Presse, Manuel Valls estará já a constituir equipa para a corrida autárquica. Entre os elementos convidados encontra-se o consultor político Xavier Roig, antigo conselheiro do ex-alcaide socialista Pasqual Maragall.

Fervoroso apoiante do Barça, Manuel Valls fala com orgulho das raízes catalãs e tem-se pronunciado contra a independência daquela região autónoma.

A eventual candidatura de Valls à alcaidaria de Barcelona “não será fácil”, considera o professor de Ciência Política da Universidade de Autónoma de Barcelona Oriol Bartolomeus. “É um candidato que vai causar muita divisão. Há pessoas que o vêem favoravelmente, enquanto outras o odeiam”, detalhou.

Natural de Barcelona, Manuel Valls cresceu em Paris e adquiriu a nacionalidade francesa aos 20 anos. Antigo responsável de comunicação socialista na década de 1990, Valls desempenhou vários cargos políticos em França, incluindo o de prefeito de Evry. Foi também consultor de comunicação de Lionel Jospin e, entre 2012 e 2014, ministro do Interior.

Foi nomeado primeiro-ministro por François Hollande, tendo desempenhado funções entre 2014 e 2016. Foi reeleito deputado em 2017, pela circunscrição de Evry, departamento de Essone.
Pedidos de demissão em França
Em Paris, os deputados de diversos quadrantes políticos, citados por Le Monde, esperam que o anúncio de candidatura de Valls seja acompanhado do pedido de demissão do lugar de deputado na Assembleia Nacional francesa.

Valls tem estado ausente dos trabalhos no Parlamento francês. Segundo a Associação Olhares cidadãos, compareceu em apenas duas sessões no hemiciclo e em mais seis em comissões parlamentares desde o início do mandato. O deputado também não apresentou propostas nem questões.

“Ele está a refletir na candidatura a Barcelona desde abril. Esta situação arrasta-se há demasiado tempo. É uma situação insustentável”, afirmou à agência France-Presse a opositora de Manuel Valls às legislativas Farida Amrani, que iniciou esta semana a petição “Exigimos a demissão de Manuel Valls, deputado fantasma”. Esta sexta-feira, a petição reunia mais de 11700 assinaturas.

Harold Hauzy, antigo conselheiro de Manuel Valls, nota o ex-primeiro-ministro sempre defendeu a não acumulação de mandatos tendo, por isso, “poucas dúvidas sobre a sua escolha logo que chegue a uma decisão sobre a candidatura”.
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