Manifestantes apoiantes de Bolsonaro invadiram este domingo o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal, sede dos poderes legislativo, executivo e do judiciário. A invasão aconteceu na sequência de um protesto violento que decorria na Esplanada dos Ministérios, na capital do Brasil. Lula da Silva decretou, entretanto, intervenção federal e cerca de 200 pessoas já foram detidas em flagrante.
O ex-presidente Jair Bolsonaro demarcou-se das invasões de edifícios públicos em Brasília feitas no domingo pelos seus apoiantes e repudiou as acusações de ter estimulado os ataques.
"Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra", escreveu Jair Bolsonaro, na sua conta oficial na rede social Twitter.
- Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra.
— Jair M. Bolsonaro 2️⃣2️⃣ (@jairbolsonaro) January 9, 2023
Em três publicações sucessivas, Jair Bolsonaro comentou as ocupações feitas na capital brasileira e rejeitou as acusações feitas pelo seu sucessor, Lula da Silva, que o responsabilizou por ter incitado os ataques de domingo aos edifícios sede dos poderes legislativo, judicial e executivo.
"Repudio as acusações, sem provas, a mim atribuídas por parte do atual chefe do executivo do Brasil", escreveu Bolsonaro.
"Ao longo do meu mandato, sempre estive dentro das quatro linhas da Constituição respeitando e defendendo as leis, a democracia, a transparência e a nossa sagrada liberdade", acrescentou Jair Bolsonaro, que está nos Estados Unidos da América desde o final do ano passado, não tendo comparecido na passagem de testemunho do poder a Lula da Silva.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que os atos de vândalos bolsonaristas em Brasília, este domingo, são "terrorismo" e "golpismo". "Isso é terrorismo, é golpismo. Temos a certeza de que a imensa maioria da população não quer a implementação dessas trevas", afirmou Dino.
O ministro afirmou ainda que os terroristas não vão destruir a democracia.
"Não conseguirão destruir a democracia brasileira. É preciso dizer isso cabalmente, com toda firmeza e convicção", completou.
Dino disse ainda que "criminoso será tratado como criminoso".
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, numa declaração enviada à Lusa, disse ter a certeza "que a maioria do povo" quer união "e paz para que o Brasil siga em frente".
Temos certeza que a maioria do povo brasileiro quer nesse momento união e paz para que o Brasil siga em frente", disse Paulo Pimenta, através da sua assessoria.
"Essa manifestação é de uma minoria golpista que não aceita o resultado da eleição e que prega a violência. Uma minoria violenta, que vai ser tratada com o rigor da lei", acrescentou o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
Num vídeo partilhado nas redes socais, Paulo Pimenta mostra ainda o seu escritório, no Palácio do Planalto, completamente destruído pelos manifestantes radicais.
"Isto é uma coisa criminosa que foi feita aqui, revoltante", disse, mostrando, entre outras coisas, um monitor partido e obras de arte danificadas.
O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos também já reagiu lamentando e denunciando estes ataques e anunciou que fará "um levantamento dos danos ao património público para buscar ressarcimento junto aos responsáveis".
"Os prédios públicos são património de toda a população. Atos criminosos de depredação atingem toda a sociedade e não serão tolerados", lê-se na mesma nota.
(Agência Lusa)
O Governo da Guiné-Bissau condenou os ataques a edifícios do poder legislativo, executivo e judicial na capital brasileira, considerando tratar-se de um "atentado à democracia".
"A Guiné-Bissau segue com muita preocupação os acontecimentos no Congresso, no Planalto e no Supremo Tribunal Federal em Brasília e condena os atos, que representam um atentado à Democracia", refere o Ministério dos Negócios Estrangeiros, numa nota divulgada na página oficial do Facebook.
Joe Biden reagiu à invasão em Brasília e condenou as manifestações pró-Bolsonaro.
“É ultrajante”, disse o residente norte-americano, citado pelo New York Times.
E no Twitter, Biden disse estar “ansioso por continuar a trabalhar com Lula”.
“As instituições democráticas do Brasil têm todo o nosso apoio e a vontade do povo brasileiro não deve ser abalada”, acrescentou.
I condemn the assault on democracy and on the peaceful transfer of power in Brazil. Brazil’s democratic institutions have our full support and the will of the Brazilian people must not be undermined. I look forward to continuing to work with @LulaOficial.
— President Biden (@POTUS) January 8, 2023
António Guterres também reagiu às manifestações em Brasília: “Condeno o ataque de hoje às instituições democráticas do Brasil”.
“A vontade do povo brasileiro e das instituições do país deve ser respeitada. Estou confiante de que assim será. O Brasil é um grande país democrático”, escreveu o secretário-geral das Nações Unidas.
I condemn today’s assault on Brazil’s democratic institutions.
— António Guterres (@antonioguterres) January 8, 2023
The will of the Brazilian people and the country’s institutions must be respected.
I am confident that it will be so. Brazil is a great democratic country.
O governador de Brasília, Ibaneis Rocha, pediu desculpa ao Presidente do Brasil, Lula da Silva, pelo que aconteceu hoje na capital brasileira.
Vídeo oficial na íntegra. pic.twitter.com/lv6NTXkS0k
— Ibaneis Rocha (@IbaneisOficial) January 8, 2023
Os governos da América Latina manifestaram solidariedade ao Presidente Lula da Silva, condenaram a "tentativa de golpe" no Brasil e pressionam por uma reação das instituições, advertindo para o risco regional do exemplo brasileiro.
"Aqueles que tentam não ouvir a vontade das maiorias, atentam contra a democracia e merecem não só uma sanção legal, mas também a rejeição absoluta da comunidade internacional. Como presidente da CELAC e do Mercosul, alerto os países-membros para que nos unamos contra esta inaceitável reação antidemocrática que se tenta impor no Brasil", advertiu o Presidente argentino, Alberto Fernández.
O chefe de Estado falava, através das redes sociais, também enquanto líder temporário da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), fórum que reúne os 33 países das duas regiões, e do Mercosul, bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Em comunicado, o Partido Socialista expressou o apoio ao "Governo de Lula da Silva, legitimamente eleito nas últimas eleições pelo Povo brasileiro". O PS condena, assim, "todas as ações que pretendem colocar em causa os governos democraticamente eleitos".
É ainda referido no documento que o partido está sempre ao lado da defesa do Estado de Direito e apela ao regresso rápido à normalidade democrática no Brasil, país irmão, a cujo Governo e Povo expressamos a nossa solidariedade".
Numa nota à comunicação social, o PSD afirma que "condena de forma veemente os acontecimentos de hoje em Brasília".
Para os sociais democratas "são inaceitáveis quaisquer atos que coloquem em causa a ordem pública e o regular funcionamento das instituições democráticas".
"A Democracia deve sempre prevalecer", acrescenta, apelando a que "a ordem pública seja rapidamente estabelecida".
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, afirmou que a instituição "não se deixará intimidar por atos criminosos e de delinquentes infensos [hostis) ao estado democrático de direito" após a sua sede, em Brasília, sofrer ataques de `bolsonaristas`.
"O edifício-sede do STF, património histórico dos brasileiros e da humanidade, foi severamente destruído por criminosos, vândalos e antidemocratas. Lamentavelmente, o mesmo ocorreu no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto. As sedes dos três poderes foram vilipendiadas", pode ler-se no comunicado assinado por Weber.
"O Brasil viveu neste domingo - 8 de janeiro de 2023 - uma página triste e lamentável de sua história, fruto do inconformismo de quem se recusa a aceitar a democracia", acrescentou.
Em comunicado, Nicólas Maduro, presidente da Venezuela, diz ver “com preocupação” ações do que chama “grupos fascistas e de extrema direita”.
RT NicolasMaduro "RT @avnve: #Gobierno || El Gobierno Bolivariano condena todo acto de violencia política y reitera su apoyo al pueblo de Brasil y a su Gobierno de Unión y Reconstrucción, liderado por el Presidente Lula, expresa el comunicado. pic.twitter.com/tiFxGp2PC0"
— GMVV Nueva Esparta (@GMVV_NvaEsparta) January 8, 2023
Alexandre de Moraes, juiz do Supremo Tribunal Federal, classificou as manifestações deste domingo como “desprezíveis ataques terroristas à democracia”, garantindo que o caso será investigado.
Os manifestantes serão “responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores, anteriores e atuais agentes públicos que continuam na ilícita conduta dos atos antidemocráticos”, acrescentou.
Os desprezíveis ataques terroristas à Democracia e às Instituições Republicanas serão responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores, anteriores e atuais agentes públicos que continuam na ilícita conduta dos atos antidemocráticos. O Judiciário não faltará ao Brasil!
— Alexandre de Moraes (@alexandre) January 8, 2023
O líder do Partido Liberal (PL), força política de Jair Bolsonaro, demarcou-se hoje da "vergonha" da invasão dos apoiantes do ex-presidente brasileiro às sedes dos poderes, num dia que apelidou como "triste para o Brasil".
Num vídeo publicado hoje, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal do ex-presidente Jair Bolsonaro, assegura que os responsáveis pelo ataque de hoje às instituições em Brasília "não representam" Bolsonaro.
"Hoje é um dia triste para o Brasil. Todos os eventos que realizámos após as eleições em frente ao quartel foram um exemplo de educação, confiança e brasilidade", disse o líder da PL, aludindo aos acampamentos de manifestantes para reclamar uma intervenção das Forças Armadas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva como Presidente do Brasil, após a vitória na segunda volta das eleições presidenciais sobre Jair Bolsonaro, que procurava a sua reeleição para um segundo mandato.
"Havia famílias que representavam Bolsonaro, representando a direita. O ato de hoje em Brasília é uma vergonha para todos nós e não representa o nosso partido ou Bolsonaro", argumentou.
Para Costa Neto, "a polícia é segurança e estes setores de segurança têm de fazer o seu trabalho".
"Não apoiamos estes atos. Apoiamos `Pátria, família e liberdade`. Apoiamos atos de bem. O ato de hoje em Brasília foi uma vergonha para todos nós", insistiu.
(Agência Lusa)
A CNN Brasil refere que o Salão Verde — zona da Câmara dos Deputados onde os congressistas falam com os jornalistas — está agora alagado, na sequência de um pequeno foco de incêndio.
O canal brasileiro diz ainda que os manifestantes danificaram obras de arte que estavam naquele local e que roubaram presentes que tinham sido oferecidos por representantes estrangeiros.
O Presidente do Brasil acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusando-o de genocida, por provocar e estimular invasões violentas em edifícios públicos neste domingo em Brasília, capital do país.
"Este genocida não só provocou isso, não só estimulou isso, como, quem sabe, está estimulando ainda pelas redes sociais também", afirmou Lula da Silva referindo-se a Bolsonaro que está em Orlando, nos Estados Unidos.
"Na verdade, ele fugiu para não me colocar a faixa. É muito triste. Depois da festa democrática do dia primeiro [de janeiro], a festa mais importante da posse de um Presidente da República", acrescentou o chefe de Estado brasileiro, referindo-se a ausência de Bolsonaro na cerimónia de posse que marcou o início da sua gestão.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, condenou a invasão das sedes dos poderes do Brasil por apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro e pediram o "fim imediato destas ações".
"Condenamos os ataques de hoje à Presidência do Brasil, ao Congresso e ao Supremo Tribunal de Justiça", adiantou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos da América (EUA).
Antony Blinken salientou ainda que "usar a violência para atacar as instituições democráticas é sempre inaceitável" e que os Estados Unidos se juntam ao Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, na exigência do "fim imediato" da invasão pelos apoiantes de Bolsonaro.
O Presidente angolano, João Lourenço, que assegura também a presidência rotativa da CPLP, condenou hoje de forma "vigorosa e firme" os "atos antidemocráticos" por parte de apoiantes `bolsonaristas` contra instituições que representam a democracia brasileira.
"Na qualidade de Presidente `pro tempore` da CPLP e na de Presidente da República de Angola expresso a mais vigorosa e firme condenação aos atos antidemocráticos que estão a ser praticados no Brasil, ao longo do dia de hoje, contra instituições que representam e simbolizam a Democracia brasileira", escreveu João Lourenço, numa mensagem divulgada na página da Presidência de Angola na rede social Facebook.
O chefe de Estado Angolano manifestou a convicção de que irá exercer a sua autoridade e "repor sem demora a ordem democrática no país".
"Consideramos estas manifestações lamentáveis e reveladoras de um elevado grau de intolerância não compatível com as regras do jogo democrático, em que os resultados legitimados pelo voto popular devem ser reconhecidos e aceites por todos", escreveu João Lourenço.
(Agência Lusa)
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, afirmou-se hoje "profundamente preocupada" com a violência em Brasília, onde apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram sedes dos poderes, e defendeu que "a democracia deve ser sempre respeitada".
"Profundamente preocupada com o que está a acontecer no #Brasil. A Democracia deve ser sempre respeitada", afirmou hoje Roberta Metsola, numa publicação na rede social Twitter.
Profundamente preocupada com o que está a acontecer no #Brasil.
— Roberta Metsola (@EP_President) January 8, 2023
A Democracia deve ser sempre respeitada.@Europarl_EN está ao lado do Governo @LulaOficial e de todas as Instituições legitima e democraticamente eleitas.
🇪🇺🇧🇷
A líder afirma que o Parlamento Europeu "está ao lado do Governo" do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e "de todas as instituições legitima e democraticamente eleitas".
Por seu lado, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, expressou hoje a sua "condenação absoluta" do "ataque às instituições democráticas" no Brasil e transmitiu o "total apoio" do bloco ao Presidente Lula da Silva, que tomou posse há uma semana, após a vitória na segunda volta das eleições presidenciais, em 30 de outubro, sobre Jair Bolsonaro, que procurava a reeleição para um segundo mandato.
Também no Twitter, Michel recordou que Lula foi eleito "democraticamente", em eleições que foram "justas e livres", ao contrário do que o ex-presidente Jair Bolsonaro defendeu durante estes meses.
My absolute condemnation of the assault on the democratic institutions of Brazil.
— Charles Michel (@CharlesMichel) January 8, 2023
Full support for President @LulaOficial Da Silva, democratically elected by millions of Brazilians through fair and free elections.
Por sua parte, o alto representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, expressou o seu "desânimo" perante as "ações violentas e ocupação ilegal" de instituições por milhares de "extremistas".
"A democracia brasileira prevalecerá sobre a violência e o extremismo", sublinhou, no Twitter.
Appalled by the acts of violence and illegal occupation of Brasilia's government quarter by violent extremists today.
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) January 8, 2023
Full support to @LulaOfficial and his government, to Congress and to the Federal Supreme Court.
Brazilian democracy will prevail over violence and extremism.
As autoridades já começaram a dispersar os manifestantes, depois de Lula da Silva ter decretado a intervenção federal, e já controlam o Congresso. De acordo com a Globo, foram detidos entretanto 150 manifestantes.
Além da polícia que já chegou ao local, o jornal avança que as forças policiais de três Estados do Brasil vão ajudar Brasília.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) considera "inaceitável" os ataques de apoiantes de Jair Bolsonaro contra "os três poderes" no Brasil e diz que os golpistas têm de ser "identificados e punidos".
Numa nota emitida após a invasão pelos manifestantes do Palácio Presidencial, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal em Brasília, a OAB diz que "considera inaceitável a invasão dos prédios públicos e os ataques desferidos contra os três poderes realizados neste domingo".
Para a ordem profissional, "além da depredação física, os ataques têm como objetivo o enfraquecimento dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e da Constituição Federal, que são os pilares do mais longevo período democrático da história brasileira".
Por isso, "tais atos devem ser repelidos pelas forças de segurança de acordo com as disposições legais".
"É hora de encerrar de uma vez por todas os intentos contra o Estado Democrático de Direito no país. Somente assim será possível buscar a pacificação necessária ao Brasil. Para isso, é preciso que os artífices dos levantes golpistas sejam identificados e punidos, sempre tendo acesso ao devido processo, à ampla defesa e ao contraditório", acrescentou.
A OAB lembrou ainda que "as liberdades de expressão e manifestação, protegidas pela Constituição Federal, não incluem permissão para ações violentas nem para atentados contra o Estado Democrático de Direito".
(Agência Lusa)
O presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, Arthur Lira, condenou hoje a "destruição e vandalismo" na ocupação por `bolsonaristas` às sedes dos poderes brasileiros, garantindo que serão preservadas a liberdade, a democracia e o respeito à Constituição.
"A democracia pressupõe alternância de poder, divergências de pontos de vista, mas não admite as cenas deprimentes que o Brasil é surpreendido nesse momento. Agiremos com rigor para preservar a liberdade, a democracia e o respeito à Constituição", escreveu Arthur Lira, na rede social Twitter.
O responsável referiu que "o Congresso Nacional jamais negou voz a quem queira manifestar-se pacificamente" mas que "nunca dará espaço para a baderna, a destruição e vandalismo".
Arthur Lira acrescentou que os responsáveis que promoveram e deram cobertura a este "ataque à democracia brasileira e aos seus principais símbolos devem ser identificados e punidos na forma da lei".
A democracia pressupõe alternância de poder, divergências de pontos de vista, mas não admite as cenas deprimentes que o Brasil é supreendido nesse momento. Agiremos com rigor para preservar a liberdade, a democracia e o respeito à Constituição.
— Arthur Lira (@ArthurLira_) January 8, 2023
Em nota à comunicação social, a Presidência da República portuguesa informa que Lula da Silva "falou telefonicamente com o Presidente da República, agradecendo a sua manifestação públia pela "condenação e repúdio dos atos praticados em Brasília, tendo enaltecido o facto de Portugal ter sido o primeiro país a fazê-lo".
Marcelo Rebelo de Sousa "considera que estes atos, além de inconstitucionais e ilegais, são inadmissíveis e intoleráveis em democracia, reforçando o apoio e a total solidariedade de Portugal para com o poder legitimamente eleito no Brasil".
Jake Sullivan, conselheiro de segurança do presidente norte-americano, Joe Biden, condenou a invasão deste domingo em Brasília.
O responsável diz que Joe Biden "está a acompanhar a situação de perto" e que o apoio dos EUA às instituições democráticas brasileiras "é inabalável".
"A democracia brasileira não será abalada pela violência", vincou.
The United States condemns any effort to undermine democracy in Brazil. President Biden is following the situation closely and our support for Brazil’s democratic institutions is unwavering. Brazil’s democracy will not be shaken by violence.
— Jake Sullivan (@JakeSullivan46) January 8, 2023
Numa mensagem em português no Twitter, Emmanuel Macron escreveu que a "vontade do povo brasileiro e as instituições democráticas devem ser respeitadas".
A vontade do povo brasileiro e as instituições democráticas devem ser respeitadas! O Presidente @LulaOficial pode contar com o apoio incondicional da França.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) January 8, 2023
Lula da Silva já reagiu aos protestos deste domingo.
“Aquelas pessoas que chamamos de fascistas, nós chamamos de tudo aquilo que é abominável na democracia”, começou o presidente do Brasil, acrescentando que os manifestantes invadiram as três sedes de poder como “verdadeiros vândalos, destruindo o que achavam pela frente”.
“Achamos que houve falta de segurança”, criticou Lula. “Estas pessoas (…) serão encontradas e serão punidas. Vão perceber que a democracia garante o direito de liberdade, de livre comunicação e expressão, mas também exige que as pessoas respeitem as instituições que foram criadas para estabelecer a democracia”.
Decreto assinado por Lula para intervenção federal no Distrito Federal. #EquipeLula pic.twitter.com/1gHjIuDGLf
— Lula (@LulaOficial) January 8, 2023
"E vamos descobrir quem são os financiadores de quem foi a Brasília hoje, e todos eles pagarão com a força da lei", acrescentou, referindo-se à suspeita de que os atos contra a sua eleição em outubro do ano passado são financiados.
Foi nomeado como interventor Ricardo Garcia Cappelli, secretário executivo do Ministério da Justiça.
Efetivos de segurança do Supremo Tribunal Federal (STF) e as tropas de choque da Polícia Militar do Distrito Federal conseguiram recuperar o controlo da sede do tribunal, em Brasília, que tinha sido invadido por apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Fontes do STF citadas pelo canal brasileiro O Globo disseram que alguns dos assaltantes estavam detidos na garagem do edifício e que a sede está sob o controlo total das autoridades, que já estão a avaliar os danos.
Em declarações à RTP, o ministro português dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, considerou que o ex-presidente brasileiro tem responsabilidade na invasão que ocorreu este domingo em Brasília. "A voz dele é ouvida por estes manifestantes anti-democráticos", considerou. João Gomes Cravinho considera, por isso, que seria importante uma declaração de Jair Bolsonaro no sentido de repudiar a atual desordem em Brasília.
O MNE português adiantou ainda que está em contacto permanente com o homólogo brasileiro e outras entidades.
O presidente da Assembleia da República expressou hoje o seu "mais veemente repúdio pelo ataque" ao Congresso do Brasil e manifestou solidariedade em particular ao Senado e Câmara dos Representantes deste país.
"Quero exprimir o mais veemente repúdio pelo ataque ao Congresso do Brasil. Toda a solidariedade às instituições democráticas brasileiras e, em particular, ao Senado e à Câmara de Representantes", escreveu Augusto Santos Silva na sua conta na rede social Twitter.
Quero exprimir o mais veemente repúdio pelo ataque ao Congresso do #Brasil. Toda a solidariedade às instituições democráticas brasileiras e, em particular, ao Senado e à Câmara de Representantes.
— Augusto Santos Silva (@ASantosSilvaPAR) January 8, 2023
O comentador da RTP para assuntos internacionais destaca a "dimensão simbólica" desta invasão em Brasília, já que os manifestantes ocuparam as três sedes do poder. O envolvimento das Forças Armadas não é previsível, até pelo "vínculo muito próximo" do Exército brasileiro em relação aos Estados Unidos.
Filipe Vasconcelos Romão considera que a resposta de Lula da Silva a estes protestos será sempre "uma jogada de risco" perante a animosidade e polarização na sociedade brasileira.
Destaca também a inação e passividade dos polícias do Distrito Federal, aliados de Bolsonaro. Há imagens que mostram agentes a conversar e conviver com manifestantes aquando da invasão.
Em declarações à RTP, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que a posição portuguesa é de "repúdio por atuações chocantemente inconstitucionais e ilegais". O presidente da República de Portugal expressou ainda "solidariedade total" ao homólogo brasileiro, Lula da Silva, que iniciou o mandato há uma semana.
Como mencionou o chefe de Estado português, o atual e eleito presidente brasileiro "tem legitimidade e deve exercer a legitimidade democrática", pelo que considera que "são inaceitáveis atos e repudiáveis".
Segundo apurou a CNN Brasil, os funcionários estavam numa reunião no Palácio do Planalto quando os radicais iniciaram a invasão do local e aguardam, neste momento, resgate da Força Aérea Brasileira (FAB) para deixar o edifício.
Miguel Mâncio, jornalista da agência Lusa, acompanhou nos últimos dias a tomada de posse de Lula da Silva e o acampamento de bolsonaristas em Brasília. À distância, o jornalista português contactou com algumas das pessoas que invadiram as sedes de poder.
O procurador-geral da República (PGR) brasileiro, Augusto Aras, já abriu uma “procedimento investigatório criminal visando a responsabilização dos envolvidos”. Numa nota, Augusto Aras também diz que está a monitorizar e a acompanhar com “preocupação os atos de vandalismo a edifícios públicos que ocorrem em Brasília”.
“Aras mantém contacto permanente com as autoridades e tem adotado as iniciativas que competem à instituição para impedir a sequência de atos de violência”, lê-se na nota.
Segundo a Globo, durante a invasão ao Supremo Tribunal Federal, a porta do gabinete do ministro Alexandre de Moraes foi arrancada. Uma foto que circula nas redes sociais mostra um manifestante a segurar a porta do lado de fora.
A CNN Brasil avança que terá sido ativado o Batalhão de Operações Especiais (BOPE), unidade de elite da Polícia Militar, para responder à situação em Brasília.
O líder do Chega também condenou a tentativa de "subversão democrática" por parte de apoiantes do ex-presidente do Brasil, que invadiram as sedes das principais instituições brasileiras, e pediu a Jair Bolsonaro para serenar os ânimos.
Perante os jornalistas, André Ventura começou por advertir que, no momento em que falava, ainda dispunha de pouca informação sobre estes acontecimentos em Brasília, mas adiantou que, seja qual for o motivo da indignação por Lula da Silva ter chegado a Presidente do Brasil, estes episódios merecem condenação.
"Este é um dia negro e triste para o Brasil. Às vezes, os líderes têm de ir contra os seus próprios movimentos e apoiantes para fazer valer as regras democráticas", declarou.
André Ventura afirmou depois esperar "a defesa da democracia, independentemente de quem esteja em causa" nestes episódios.
"E esse é o apelo que faço [ao ex] Presidente Jair Bolsonaro e ao Partido Liberal [do Brasil] que serene os ânimos e que possa dar às autoridades novamente condições de ocupar os edifícios da democracia brasileira", disse.
O presidente do Chega considerou que se compreende que muitos brasileiros "sintam uma tremenda revolta, injustiça e indignação" após Lula da Silva ter sido empossado presidente do Brasil.
"Eu sinto-o também, mas há que fazer escolhas em democracia: Ou lutamos dentro da democracia instituições; ou, pela força, tenta-se subverter as instituições. Não sabemos o que está a acontecer no Brasil, mas espero, evidentemente, que os nossos aliados não tenham, participação direta nestes factos e não tenham qualquer ação de comando sobre estes factos", salientou.
Caso tenham participação direta nesta invasão, André Ventura advertiu desde já que os criticará, porque "se deve lutar dentro da democracia".
"Estamos a procurar obter informação junto do Partido Liberal, do Brasil, sobre o que se está a passar. Logo que o Chega tenha o quadro mais completo, terá uma reação formal a esta situação, que é delicada, porque o próprio Supremo Tribunal Federal estaria em vias de ser invadido. Ora, isto é a subversão total e não podemos pactuar, por muita raiva e revolta que haja - e eu também a tenho", reforçou.
O Governo português, em nota à comunicação social, condenou "as ações de violência e desordem que hoje tiveram lugar em
Brasília, reiterando o seu apoio inequívoco às autoridades brasileiras na reposição da ordem e da legalidade".
O Governo transmite a sua inteira solidariedade à Presidência da República do Brasil, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal, cujos edifícios foram violados nas manifestações anti-democráticas que tiveram lugar esta tarde", lê-se no comunicado.
O Partido dos Trabalhadors (PT) brasileiro e aliados do Governo de Lula da Silva pediram uma intervenção na segurança pública do Distrito Federal, onde se localiza a capital, Brasília, palco de violentas manifestações pró-ex-presidente Jair Bolsonaro.
A presidente do PT apelidou de "irresponsável" a resposta das autoridades de Brasília à invasão dos edifícios do poder e da justiça por apoiantes do ex-chefe de Estado Jair Bolsonaro.
"Governo do DF (Distrito Federal) foi irresponsável frente à invasão de Brasília e do Congresso Nacional", escreveu na rede Twitter Gleisi Hoffman, presidente do PT, força política do Presidente Lula da Silva.
"É um crime anunciado contra a democracia, contra a vontade das urnas e por outros interesses. Governador e seu secretário de segurança, bolsonarista, são responsáveis pelo que acontecer", disse a líder do PT.
O senador e líder do Governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, anunciou, também no Twitter, que está, juntamente com Gleisi Hoffman, a pedir ao procurador-geral da República "para que seja decretada intervenção na Segurança Pública do DF".
O presidente nacional do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Juliano Medeiros, disse à Lusa que "em primeiro lugar, é preciso usar toda a força disponível para restituir a normalidade em Brasília".
"Em segundo lugar, é preciso responsabilizar o secretário de Segurança do Distrito Federal pela evidente conivência com esses atos terroristas, e ir mais longe: responsabilizar o governador do Distrito Federal. Ele não pode continuar governando o Distrito Federal ou dialogar com a bancada do PSOL na Câmara Distrital do DF para propor. É vítima do Ibaneis Rocha (governador do DF)", disse o presidente do PSOL, partido de esquerda que apoiou a eleição de Lula da Silva.
(Agência Lusa)
No Twitter, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, deixou “todo o apoio ao presidente Lula da Silva e às instituições livre e democraticamente eleitas pelo povo brasileiro”.
“Condenamos rotundamente o assalto ao Congresso do Brasil e fazemos um apelo ao imediato regresso à normalidade democrática”, vincou.
Todo mi apoyo al presidente @LulaOficial y a las instituciones libre y democráticamente elegidas por el pueblo brasileño.
— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) January 8, 2023
Condenamos rotundamente el asalto al Congreso de Brasil y hacemos un llamamiento al inmediato retorno a la normalidad democrática.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, manifestou já “toda” a “solidariedade” a Lula da Silva, presidente do Brasil, e ao povo brasileiro.
“O fascismo decide dar um golpe. A direita não conseguu manter o pacto de não violência”, escrveu no Twitter, apelando a uma reunião “urgente” da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Toda mi solidaridad a @LulaOficial y al pueblo del Brasil. El fascismo decide dar un golpe.
— Gustavo Petro (@petrogustavo) January 8, 2023
Las derechas no han podido mantener el pacto de la no violencia.
Es hora urgente de reunion de la OEA si quiere seguir viva como institución y aplicar la carta democrática.
O governador de Brasília, Ibaneis Rocha, decidiu exonerar o secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, segundo a imprensa brasileira.
🚨 Ibaneis manda exonerar secretário de Segurança, Anderson Torres
— Metrópoles (@Metropoles) January 8, 2023
Ibaneis mandou exonerar Anderson Torres do cargo de secretário de Segurança Pública
Leia: https://t.co/kzqlD9L18r pic.twitter.com/UyHI00fu11
A Globo está a avançar que um grupo de bolsonaristas radicais está a interditar os dois sentidos da Avenida 23 de Maio, na altura do parque do Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo, de acordo com informações da Polícia Militar.
Sergio Moro já reagiu aos protestos deste domingo afirmando, nas redes sociais, que as manifestações devem pacíficas".
"Invasões de prédios públicos e depredação não são respostas. A oposição precisa ser feita de maneira democrática, respeitando a lei e as instituições", escreveu no Twitter, o antigo ministro da Justiça da Presidência de Jair Bolsonaro.
Protestos têm que ser pacíficos. Invasões de prédios públicos e depredação não são respostas. A oposição precisa ser feita de maneira democrática, respeitando a lei e as instituições. Os invasores precisam se retirar dos prédios públicos antes que a situação se agrave.
— Sergio Moro (@SF_Moro) January 8, 2023
As imagens dos protestos e dos momentos em que os manifestantes invadem os três edifícios de poder político e judicial circulam nas redes sociais.
08.01.2023 - Brasília
— Daniel Vitor (@DanVitorPH) January 8, 2023
Esplanada dos Ministérios #SELMA
Palácio do Planalto, Congresso e $TF tomados pic.twitter.com/vvxHLhsJzR
Pedro Sá Guerra, o correspondente da RTP no Brasil, confirma que se tratam de manifestantes apoiantes de Jair Bolsonaro, muitos dos quais têm estado acampados em frente aos quartéis generais. O jornalista fala em "descontrolo emocional" por parte dos manifestantes bolsonaristas e que se expressaram sempre revoltados com os resultados das eleições. O jornalista da RTP adiantou ainda que esta invasão ao Congresso foi uma "surpresa" e revela "falta de segurança" e alguma "fragilidade na segurança do governo de Brasília".
ATENTADOS EM BRASÍLIA: Prédio do STF tem o andar térreo e o plenário complemente destruídos. Servidores da segurança foram ameaçados e documentos oficiais podem ter sido extraviados. Vídeo: George Marques. pic.twitter.com/NAPmiJqvms
— Renato Souza (@reporterenato) January 8, 2023