Algumas artérias da cidade de Maputo estão bloqueadas desde o início da manhã por manifestantes pró Venâncio Mondlane, que ocuparam as ruas, impendido o trânsito e espalhando contentores do lixo e pedras pelas vias, em protesto contra o processo eleitoral.
Nas avenidas 24 de Julho e Guerra Popular, artérias centrais da capital moçambicana, desde as 08:00 (06:00 em Lisboa) que não se circula, com manifestantes a arrastarem à força de braços contentores de grandes dimensões para o centro da via, enquanto outros colocam pneus, paus e pedras, travando qualquer automobilista que arriscasse passar.
Cerca das 08:30 locais a polícia ainda fez um disparo de gás lacrimogéneo na avenida 24 de Julho, mas os manifestantes acabaram por não dispersar, limitando-se as autoridades, com blindados no local, a tentar desbloquear a via, sem incidentes, enquanto outros jogavam à bola no centro da avenida ou dançavam e cantavam. Alguns, com cartazes "não somos vândalos" colados à roupa, ao som de vuvuzelas e apitos, saltavam à corda.
Igual cenário era vivido na avenida 25 de Setembro, na baixa da cidade, com manifestantes que apoiam o candidato presidencial Venâncio Mondlane a colocarem barreiras na via, com recurso a carrinhos de mão e bancadas de venda, impedindo o trânsito e repetindo a contestação ao processo envolvendo os processo eleitoral envolvendo as eleições gerais de 09 de outubro.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou à população moçambicana para, durante três dias, a partir de hoje, abandonar os carros a partir das 08:00 nas ruas, com cartazes de contestação eleitoral, até regressarem do trabalho.
"A partir das 08:00, em plena estrada, não nos passeios. Vamos usar as nossas estradas como parques de estacionamento, com os carros cheios de cartazes. Fechamos o carro, vamos andar a pé, até ao local de trabalho", apelou Venâncio Mondlane.
"Deixa o carro no meio da estrada com os seus cartazes. Deixa o carro e vai trabalhar", insistiu, sobre esta nova fase de contestação ao processo eleitoral.
Pelo menos 67 pessoas morreram e outras 210 foram baleadas num mês de manifestações, desde 21 de outubro, de contestação dos resultados das eleições gerais em Moçambique, indica a atualização feita sábado pela Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia - que tem recorrido a disparos de gás lacrimogéneo e tiros para dispersar -, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.