Mangione declara-se inocente de homicídio e terrorismo pela morte de CEO

por Lusa
Departamento Prisional da Pensilvânia via Reuters

O suspeito de ter matado a tiro o diretor executivo da UnitedHealthcare, Brian Thompson, declarou-se esta segunda-feira inocente das acusações de homicídio e terrorismo num julgamento estadual que decorrerá paralelamente ao seu processo federal.

Luigi Mangione, de 26 anos, foi acusado formalmente pelo procurador distrital de Manhattan de vários crimes de homicídio, incluindo homicídio como ato de terrorismo.

A sua comparência inicial no tribunal do estado de Nova Iorque foi antecipada pela apresentação de acusações por parte dos procuradores federais relativamente ao tiroteio.

A pena máxima para as acusações estatais é de prisão perpétua sem liberdade condicional, mas as acusações federais que enfrenta podem implicar a possibilidade de pena de morte.

Os magistrados do Ministério Público afirmaram que os dois processos irão decorrer em paralelo, prevendo-se que as acusações estatais sejam julgadas primeiro.

Segundo as autoridades, Mangione é acusado de matar a tiro Brian Thompson, diretor executivo da UnitedHealthcare, quando este se dirigia para uma conferência de investidores na baixa de Manhattan, na manhã de 04 de dezembro.

De acordo com a polícia, Mangione foi detido num McDonald`s no estado da Pensilvânia, após cinco dias de buscas, e trazia consigo uma arma que correspondia à utilizada no tiroteio e um bilhete de identidade falso.

Segundo os procuradores federais, Mangione tinha também consigo um bloco de notas no qual manifestou uma posição de hostilidade para com o setor dos seguros de saúde e, em particular, para com os executivos mais abastados.

O procurador de Manhattan, Alvin Bragg, afirmou que a aplicação da lei do terrorismo refletia a gravidade de um "assassínio assustador, bem planeado e dirigido, que pretendia causar choque, atenção e intimidação", durante uma conferência de imprensa no dia 17, durante a qual foram anunciadas as acusações estatais.

"Nos seus termos mais básicos, este foi um assassínio que tinha como objetivo provocar o terror", acrescentou.

Karen Friedman Agnifilo, advogada de Mangione, acusou os procuradores federais e estaduais de apresentarem teorias jurídicas contraditórias, criticando a sua abordagem "muito confusa" e "altamente incomum".

Mangione está detido numa prisão federal de Brooklyn, em Nova Iorque, juntamente com vários outros arguidos de alto nível, incluindo Sean "Diddy" Combs e Sam Bankman-Fried.

Diplomado em engenharia informática por uma das universidades de `Ivy-league`, a Universidade da Pensilvânia, e oriundo de uma família proeminente de Maryland, Mangione afastou-se da sua família e amigos nos últimos meses.

Durante esse período, Mangione, que, de acordo com a seguradora, nunca foi cliente da UnitedHealthcare, publicou frequentemente em fóruns `online` sobre a sua luta contra as dores de costas.

Brian Thompson era casado e tinha dois filhos e trabalhou no gigante UnitedHealth Group durante 20 anos, tornando-se CEO do ramo de seguros em 2021.

O assassinato levou várias pessoas a expressar o seu ressentimento contra as seguradoras de saúde dos Estados Unidos, com Mangione a servir de representante das frustrações com as recusas de cobertura e as elevadas facturas médicas.

O crime provocou ondas de choque no mundo dos negócios, abalando os executivos que dizem ter recebido um aumento de ameaças.

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