O surto de cólera em Moçambique agravou-se nas últimas semanas, com mais 2.200 novos casos e seis mortes, elevando para 150 óbitos desde setembro de 2022, segundo dados oficiais a que a Lusa teve hoje acesso.
De acordo com o mais recente boletim sobre a progressão da doença, elaborado pela Direção Nacional de Saúde Pública, o atual surto de cólera em Moçambique regista um acumulado de 36.617 casos, de 14 de setembro de 2022 até 08 de novembro de 2023, que provocaram 150 óbitos.
Nas 24 horas anteriores registaram-se mais 75 novos casos e estavam 50 pessoas internadas devido à doença.
No boletim com dados até 05 de setembro -- depois da estabilização no mês de agosto - eram referidos 144 óbitos e um acumulado de 34.352 casos da doença, com apenas um distrito com o surto ativo.
Moçambique contabilizou assim 2.265 em cerca de dois meses, e mais seis óbitos, passando ainda a sete distritos com o surto ativo em 08 de novembro, período que marca o início da época das chuvas no país.
No acumulado desde 14 de setembro de 2022, a província da Zambézia continua a ser a mais afetada, com um total de 13.972 casos da doença e 38 mortos, seguida de Sofala, com 7.527 casos e 30 mortos, Tete, com 3.775 casos e 24 mortos, e Niassa, com 3.501 casos e 25 mortos.
O Governo moçambicano anunciou na terça-feira o envio de brigadas para quatro províncias do país afetadas pela cólera, visando monitorizar a situação e procurar soluções para travar a doença, um dia depois do anúncio de surtos em alguns distritos.
As brigadas serão enviadas a partir de sexta-feira para Nampula e Cabo Delgado (no norte do país) e Zambézia e Tete (no centro), províncias que "dão sinais da necessidade de uma abordagem mais acutilante sobre a eclosão de vómitos e diarreias", associados à cólera, disse Filimão Suaze, porta-voz do Conselho de Ministros, durante uma conferência de imprensa após a reunião do executivo, em Maputo.
As brigadas "deslocam-se a estas províncias para monitorarem o local e sobretudo para a melhor coordenação sobre as soluções que o Governo tem a propor para este tema", referiu Filimão Suaze.
As autoridades de Saúde da província da Zambézia, no centro de Moçambique, declararam, na segunda-feira, surtos de cólera nos distritos de Gurué, Mocuba e Gilé, com um total de 499 pessoas internadas devido à doença.
A cólera é uma doença que provoca fortes diarreias, que é tratável, mas que pode provocar a morte por desidratação se não for prontamente combatida.
A doença é causada, em grande parte, pela ingestão de alimentos e água contaminados por falta de redes de saneamento.
Em maio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que o mundo terá um défice de vacinas contra a cólera até 2025 e que um bilião de pessoas de 43 países podem ser infetadas com a doença, apontando, já em outubro, Moçambique como um dos países de maior risco.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, situação que agrava a resistência de infraestruturas e serviços que permitam evitar a doença.