O presidente Vladimir Putin anunciou esta quinta-feira que a Rússia vai reforçar as suas forças nucleares, destacando um novo míssil balístico intercontinental, lançando mísseis hipersónicos e utilizando novos submarinos. A um dia do primeiro aniversário da guerra, o líder russo disse estar pronto para alterar a arquitetura do controlo de armas nucleares, a menos que o Ocidente recue na sua ajuda à Ucrânia.
Segundo Putin, os mísseis balísticos intercontinentais Sarmat serão implementados ainda este ano. Estes mísseis de combustível líquido, apelidados de "Satan2", foram anunciados pela primeira vez por Putin em 2018 e deveriam ter sido destacados em 2022, mas a data foi adiada. As declarações chegam depois de, na terça-feira, Moscovo ter suspendido um tratado histórico de controlo de armas nucleares assinado entre a Rússia e os Estados Unidos e anunciado o uso de novos sistemas estratégicos no combate em solo ucraniano.
O míssil Sarmat, de 35 metros, possui um alcance de 18.000 quilómetros e tem a capacidade de atingir vários alvos.
De acordo com Putin, além do uso do Sarmat a Rússia continuará a produzir em massa sistemas hipersónicos Kinzhal (usados em meio aéreo) e iniciará o fornecimento de mísseis hipersónicos Zircon (lançados a partir do mar).
"Com a adoção do projeto submarino nuclear Borei-A na Marinha, a utilização de armas e equipamentos modernos nas forças nucleares estratégicas navais chegará aos 100%", avançou ainda Putin. “Nos próximos anos, mais três navios deste projeto irão repor a força de combate da frota”.
O submarino a ser agora destacado tem o nome de Imperador Alexandre III e foi lançado no final de dezembro. É o sétimo submarino da classe Borei-A e pode transportar 16 mísseis balísticos em simultâneo.
Exército e marinha modernos "garantem soberania"
No seu discurso esta manhã, Putin acrescentou que a Rússia vai desenvolver todas as vertentes das Forças Armadas convencionais da Rússia, melhorando os treinos, adquirindo equipamentos mais avançados, fortalecendo a indústria de armas e promovendo soldados que se destacaram no campo de batalha."Um exército e uma marinha modernos e eficientes são uma garantia da segurança e soberania do país, uma garantia do seu desenvolvimento estável e do seu futuro", defendeu o líder russo. "Portanto, continuaremos a dar atenção prioritária ao fortalecimento da nossa capacidade de defesa".Depois de discursar, Putin colocou uma coroa de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido, nos arredores do Kremlin, e conversou com veteranos de guerra, de acordo com imagens exibidas na televisão estatal russa.
No final do discurso, o presidente saudou mais uma vez "a coragem" e o "heroísmo" dos soldados russos na Ucrânia após um ano de guerra. "A união inquebrável [da nação] é a chave para a vitória", defendeu.
“O dever sagrado do Estado é cuidar de quem defende a Pátria”, declarou, explicando que o fundo especial de assistência às famílias dos militares mortos em combate, cuja criação anunciou terça-feira, será gerido diretamente pelo Governo.
O exército russo sofreu pesadas perdas ao longo do primeiro ano de guerra na Ucrânia. No total, Putin mobilizou pelo menos 300.000 reservistas desde setembro, o que é visto por analistas como um sinal de preparação para um ataque em larga escala muito em breve.
c/ agências