Mais de três milhões de crianças abaixo dos cinco anos em risco de desnutrição aguda no Sudão

por Frederico Pinheiro

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou hoje que este ano 3,2 milhões de crianças com menos de cinco anos arriscam desnutrição aguda no Sudão, país africano devastado por uma guerra civil.

"Destas, cerca de 772 mil crianças correm o risco de sofrer de desnutrição aguda grave", disse Eva Hinds, responsável pela sensibilização e comunicação do Unicef no Sudão, em declarações à agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), salientando que esta é a forma mais mortal de desnutrição.

A falta de acesso a cuidados médicos e a água potável, a falta de higiene, práticas alimentares inadequadas, especialmente para bebés, crianças e mulheres, e a insegurança alimentar, são as principais causas estruturais da desnutrição aguda, segundo a Unicef.

Várias agências das Nações Unidas têm alertado que a fome já atingiu cinco regiões do Sudão, com base num relatório recente do sistema de Classificação da Segurança Alimentar (FSC), prevendo-se que, até final de maio, a fome se estenda a mais cinco distritos da região de Darfur ocidental do país, uma vasta área que tem sido palco da pior violência do conflito.

Além disso, 17 outras regiões do Sudão ocidental e central estão também ameaçadas pela fome.

"Sem um acesso humanitário imediato e sem entraves a uma intensificação significativa da resposta multissetorial, é provável que a desnutrição se agrave nestas zonas", acrescentou Hinds.

Nos últimos vinte meses, o Sudão tem sido afetado por um violento conflito entre o exército e as forças paramilitares de apoio rápido (RSF), uma guerra que matou dezenas de milhares de pessoas, deslocou 12 milhões de pessoas e criou a maior crise de deslocados do mundo, de acordo com a ONU.

(Com Lusa)
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