Pelo menos 7.531 civis, incluindo 568 menores, foram retirados nos últimos dias na região de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, como medida de prevenção face à ofensiva militar russa, informou hoje o governador Oleg Sinegubov.
"A evacuação continua, mas a cada dia, a cada minuto, torna-se mais difícil", afirmou o governador de Kharkiv, em declarações a jornalistas ucranianos, alertando para o agravamento da situação na área de Vovchansk, a escassos quilómetros da fronteira com a Rússia.
Entre os civis retirados há cerca de 200 pessoas com diferentes graus de deficiência, explicou o governador, indicando que "a evacuação continuará até que todos saiam".
As tropas russas cruzaram a fronteira na região de Kharkiv nos últimos dias, abrindo uma nova frente de combate e assumindo o controlo de várias localidades, à semelhança do que tinham feito nos primeiros meses da invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, sendo posteriormente repelidas.
As autoridades ucranianas alertaram para as consequências da tomada da cidade de Kharkiv, a segunda maior da Ucrânia e sede da província com o mesmo nome, devido à sua importância estratégica.
Na segunda-feira, o comando das Forças Armadas da Ucrânia reconheceu que o Exército Russo tinha alcançado "sucessos táticos" na frente de Kharkiv, enquanto o chefe de operações militares na região foi substituído.
Além da ofensiva terrestre, hoje um ataque aéreo russo à cidade de Kharkiv deixou pelo menos 20 feridos, segundo a Procuradoria local, que deu conta em comunicado de que as vítimas também se encontram em estado de "`stress` agudo".
Uma bomba aérea teleguiada atingiu um edifício de apartamentos e "destruiu parte do décimo andar", disse à Agência France Presse (AFP) o chefe da polícia da região, Serguii Bolvinov.
"Esta pressão visa forçar as pessoas a saírem, preocupá-las, é uma tática da Federação Russa", comentou o autarca de Kharkiv, Igor Terekhov, presente no local deste ataque.
O prédio fica próximo de uma loja de brinquedos, cujas prateleiras, algumas ainda cheias de ursos de pelúcia, foram devastadas pelas explosões.
"Foi como um filme em câmara lenta. Demorei um pouco para entender o que acabara de acontecer", descreveu Ksenia Gorvits, 32 anos, que estava a tocar sintetizador em casa no momento do ataque e que disse ter saído "milagrosamente" ilesa.
Segundo a Procuradoria, veículos e vários outros edifícios não residenciais foram danificados, incluindo um centro educativo e lojas.
A cidade de Kharkiv está localizada a cerca de trinta quilómetros a sul da fronteira com a Rússia e é atingida quase diariamente por bombardeamentos há vários meses.