As detenções ocorreram em várias cidades da Rússia e o número é avançado por uma organização não-governamental russa, a ONV-Info. Sendo uma fonte de informação credível para os media ocidentais, é muitas vezes a única quando se trata de manifestações na Rússia. As autoridades russas não fizeram, até ao momento, qualquer comentário.
Em Moscovo, seis pessoas – incluindo um político da oposição – foram detidas, a ONG acrescenta que a maioria das detenções aconteceu fora da capital russa. A OVD-Info contabiliza 18 pessoas detidas numa cidade da Sibéria, incluindo um deputado local.
Navalny mourners detained in Moscow. Via PLUSHEV pic.twitter.com/N7OncXkFSJ
— OVD-Info English (@ovdinfo_en) March 1, 2024
Outras dez pessoas foram detidas numa cidade que fica a mais de 1.700 km de Moscovo e mais uma dezena em outra região mais próxima de Moscovo (a pouco mais de 500 kms de distância).
As dezenas de detenções aconteceram durante diversas manifestações em homenagem ao opositor Alexeï Navalny que foi enterrado esta sexta-feira, na capital russa.
Foto: Reuters
O funeral do inimigo número 1 de Putin transformou-se no maior encontro de opositores do regime russo desde janeiro de 2021, quando Navalny foi detido.
O enterro foi autorizado, mas para alguns analistas é possível que o Kremlin não tenha considerado a ocasião uma grande ameaça.
Foi ao som de “My Way”, canção de Frank Sinatra, que o caixão desceu à terra. Antes, quando o carro funerário chegou ao local, os apoiantes de Navalny acompanharam a chegada com uma ruidosa salva de palmas.
Perante o olhar de centenas de polícias, incluindo elementos do corpo de intervenção, a multidão entoou várias palavras de ordem "Os heróis não morrem", "Navalny não tinha medo, nós também não temos".
Muitas das pessoas que estiveram presentes no funeral tinham flores, havia cravos que simbolizam, para os russos, sangue derramado.
Enquanto a multidão gritava "Não à guerra!", referindo-se à invasão russo da Ucrânia, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, recordava que as concentrações não autorizadas violam a lei. Considerado por muitos um “herói”, Alexeï Navalny morreu no dia 16 de fevereiro, numa prisão siberiana. Opositor do regime do Presidente Vladimir Putin e defensor da luta contra a corrupção, Navalny morreu aos 47 anos em circunstâncias nada claras.
Entre aqueles que conseguiram entrar na igreja, onde foi rezada missa, estiveram presentes os pais de Navalny e os embaixadores de países da União Europeia e dos Estados Unidos.