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Mais de 300 mil crianças deslocadas devido à violência de gangues no Haiti

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
"As crianças deslocadas precisam desesperadamente de um ambiente seguro e protetor e de um maior apoio e financiamento da comunidade internacional", afirma Catherine Russell, diretora Executiva da UNICEF. Richard Pierrin - AFP

O aumento da violência dos grupos armados e a instabilidade política no Haiti resultaram na deslocação de mais de 300 mil crianças desde o início do ano, avançou esta terça-feira a UNICEF. Com poucos meios de sobrevivência ou proteção, a maioria das crianças vive em abrigos improvisados e não tem acesso a alimentos, cuidados de saúde, água potável ou saneamento, sendo cada vez mais forçadas a juntar-se a grupos armados.

A agência das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estima que a violência dos gangues no Haiti esteja a deslocar uma criança a cada minuto desde março, altura em que os gangues levaram o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, a demitir-se e tomaram a capital do país, Porto Príncipe, na sequência de uma série de ataques coordernados a infraestruturas governamentais.

"As crianças desalojadas precisam desesperadamente de um ambiente seguro e protetor e de um maior apoio e financiamento da comunidade internacional", afirma Catherine Russel, diretora Executiva da UNICEF, em comunicado. As crianças são mais de metade das cerca de 580 mil pessoas que ficaram sem casa nos últimos quatro meses. "A catástrofe humanitária que se desenrola perante os nossos olhos está a ter um impacto devastador nas crianças", salienta Catherine Russel. 

A UNICEF estima que, em todo o país, três milhões de crianças necessitem de assistência humanitária, num contexto prolongado de "turbulência política, pobreza generalizada, doenças galopantes e múltiplas catástrofes".
Crianças pagam com a vida uma "crise criada por adultos"
A maioria das crianças no Haiti vive em abrigos improvisados e com um acesso "gravemente comprometido" a alimentos, cuidados de saúde, água potável ou saneamento, explica a agência da ONU. 

E enfrenta riscos acrescidos que comprometem, muitas vezes a sua saúde e o seu futuro, como a suscetibilidade a doenças como a cólera ou o abandono escolar, devido ao encerramento das escolas e às restrições económicas causadas pela violência. "As crianças não devem estar a pagar com as suas vidas e o seu futuro uma crise criada por adultos", defende Russel.

"Com poucos meios de sobrevivência ou proteção", as crianças são também "cada vez mais forçadas a juntar-se a grupos armados", alerta a UNICEF, sublinhando que se trata de uma clara violação dos seus direitos e do direito internacional.

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