Angola registou, nos últimos dez anos, pouco mais de 200 casos de tráfico de seres humanos, dos quais 50% das vítimas foram resgatadas e restituídas às famílias, avançou hoje fonte do Ministério da Justiça e Direitos Humanos.
Segundo a diretora nacional dos direitos Humanos, que discursava na abertura de uma formação de capacitação dos órgãos de defesa e segurança que trabalham na investigação de tráfico de seres humanos, iniciativa do Governo angolano em parceria com o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (UNODC), entre os casos registados alguns foram julgados, quando encontrados os seus autores.
Edvalda dos Santos destacou a pertinência deste evento de capacitação dos órgãos que intervêm na administração da Justiça angolana, "porque prepara esta franja para melhor fazerem face ao número crescente de denúncias que vão se registando no dia-a-dia".
A responsável salientou que esta formação de três dias tem como objetivo aprimorar as atividades, os conhecimentos, as competências individuais, para que, de forma coesa, todos os intervenientes na administração da Justiça façam face aos desafios do tráfico de seres humanos, "uma das mais graves violações de direitos humanos".
"O UNODC da região austral de África tem sido desde há muito parceiro do Governo angolano e de outros na região, envolvendo-se ativamente nos esforços de treinamento de agentes da lei, para melhor lidarem com o crime de tráfico de seres humanos", frisou a responsável, reiterando o compromisso de Angola em continuar a combater o tráfico de seres humanos.
Por sua vez, a oficial de prevenção ao crime e justiça criminal do UNODC na África Austral, Daia de Almeida, sediada em Moçambique, destacou a recente deslocação de uma delegação angolana a Maputo, para uma reunião bilateral como Governo moçambicano sobre o tráfico de pessoas e contrabando de imigrantes, para alinhar e entender melhor os desafios comuns e possíveis colaborações e cooperações, que ambos países podem desenvolver.
Daia de Almeida realçou que o desafio do tráfico de pessoas e contrabando de imigrantes na região ainda são latentes, afetando populações vulneráveis e comprometendo direitos humanos e seguranças.
O relatório global sobre o tráfico de pessoas que o UNODC publica a cada dois anos vai ser lançado no próximo mês, anunciou Daia de Almeida.
Participam nesta formação oficiais representantes do Ministério do Interior, do Serviço de Investigação Criminal, Direção de Investigação de Ilícitos Penais, Serviço de Migração e Estrangeiros, membros da Comissão Interministerial de Combate ao Tráfico de Seres Humanos, técnicos do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, magistrados judiciais e do Ministério Público, e representantes de Moçambique.