Mais de 20 mortos em naufrágio de dois barcos na costa da Tunísia

por Carla Quirino - RTP
Foto: Darrin Zammit Lupi - Reuters

O primeiro dia de 2025 revelou-se trágico para pelo menos 27 migrantes que viajavam em duas embarcações com destino à Europa. Ao todo eram 110 pessoas, todas de países subsarianos. Do naufrágio dos dois barcos na costa tunisina foram resgatados 83 migrantes. Há um bebé entre as vítimas mortais.

Mais uma vez, cruzar o Mediterrâneo revela-se cruel para quem procura um futuro na Europa.

De acordo com um oficial da proteção civil tunisina, citado pela agência France-Presse, pelo menos, 27 migrantes morreram e outros 83 foram resgatados nesta quarta-feira, dia 1 de janeiro, após os dois barcos onde seguiam terem naufragado.

Os 110 migrantes “partiram da costa perto de Sfax na noite de 31 de dezembro para 1 de janeiro”, continuou o oficial da guarda nacional, sob anonimato. “Estão em curso operações para procurar outros migrantes desaparecidos ”, acrescentou.

“Entre os 27 corpos recuperados na costa do arquipélago de Kerkennah (Leste), há mulheres e crianças”, disse Zied Sdiri, diretor regional da proteção civil, em Sfax. 

Segundo Sdiri, 15 das 83 pessoas resgatadas pela guarda costeira tunisina foram transferidas para um hospital.

A Guarda Nacional da Tunísia confirmou o número de mortos, em comunicado nesta quinta-feira, reportando que entre os migrantes mortos havia um bebé. Estre as vítimas estão ainda 17 mulheres e sete crianças.

Os dois barcos foram encontrados a cerca de cinco quilómetros da costa das ilhas Kerkennah, esclareceu Sdiri.

Uma das embarcações virou e a outra afundou. Os motivos dos dois naufrágios ainda estão a ser apurados.

A Tunísia, assim como a vizinha Líbia, é um ponto de partida para migrantes que buscam chegar à Europa para uma vida melhor. A ilha italiana de Lampedusa fica a apenas 150 quilómetros da Tunísia.
Centenas de crianças mortas

De acordo com um comunicado de imprensa da UNICEF, publicado quarta-feira, o número de migrantes mortos ou desaparecidos no Mediterrâneo “ultrapassou as 2.200 pessoas em 2024, contabilizando quase 1.700 vidas perdidas” ao longo da rota central do Mediterrâneo, entre África e o norte e as costas italianas. 

Entre este número de vítimas estão “centenas de crianças que representam uma em cada cinco pessoas que emigram através do Mediterrâneo. A maioria destes migrantes foge de conflitos violentos e da pobreza”, sublinhou a UNICEF.

A Cruz Vermelha reportou na quinta-feira que houve pelo menos quatro naufrágios na área na última semana, matando 84 pessoas, no total. Destes incidentes, três barcos partiram da Tunísia e um partiu da Líbia, acrescentou.

A Organização Internacional para as Migrações, atualizou os seus números pela última vez a 31 de dezembro de 2024 e aponta para um total de, pelo menos, 31.184 migrantes mortos ou desaparecidos no Mediterrâneo desde 2014.
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