Mais de 100 corpos de migrantes recuperados na Mauritânia desde janeiro - Ministro
Mais de 100 corpos de migrantes africanos foram recuperados na Mauritânia desde o início do ano, adiantou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros mauritano durante uma visita a Bamaco, denunciando uma "tragédia humana" causada por "redes criminosas".
A Mauritânia, um vasto país desértico situado na costa atlântica da África Ocidental, tem enfrentado um fluxo de pessoas que procuram emigrar para a Europa nas últimas semanas.
Este país lançou recentemente uma campanha de expulsões destes migrantes --- sobretudo senegaleses, malianos, costa-marfinenses e guineenses --- gerando fortes críticas na região e tensões diplomáticas com os seus vizinhos.
No final de março, o Mali manifestou indignação pela violência sofrida pelos seus cidadãos expulsos da vizinha Mauritânia e apelou ao fim imediato desta "flagrante violação dos direitos humanos", após a expulsão de centenas de migrantes malianos por Nouakchott.
"Em 2024, mais de 500 corpos de jovens africanos foram recuperados nas nossas costas, e mais de 100 desde o início deste ano (2025). Esta é uma tragédia humana que devemos enfrentar juntos", frisou Mohamed Salem Ould Merzoug, ministro dos Negócios Estrangeiros da Mauritânia, citado pela presidência do Mali nas redes sociais.
"É imperativo combater estas redes criminosas e encorajar a migração regular, segura e ordenada, em estrita conformidade com a legislação nacional e os acordos bilaterais", acrescentou Merzoug.
"Um maliano que chega à Mauritânia está em casa, assim como um mauritano que vai para o Mali. Aqueles que residem legalmente vivem em paz. As dificuldades dizem respeito principalmente aos não registados, o que exige uma melhor organização de ambos os lados", apontou.
O chefe da diplomacia da Mauritânia reuniu-se com o seu homólogo maliano, Abdoulaye Diople, e o chefe da junta maliana, o general Assimi Goïta, em Bamaco, para discutir "a gestão concertada dos fluxos migratórios", de acordo com a presidência maliana.
Grupos de defesa dos direitos dos migrantes na Mauritânia, como o SOS Esclaves, denunciaram as detenções de migrantes no país "em condições desumanas".
As autoridades mauritanas, por seu lado, falam de operações "de rotina" dirigidas a pessoas em situação irregular, sem fornecer números sobre a dimensão destas repressões.
A Mauritânia serve de ponto de partida para muitos migrantes de todo o continente que tentam chegar à Europa por via marítima em busca de um futuro melhor.