O Presidente da Venezuela anunciou hoje que a nova Assembleia Constituinte vai ser usada para promover o diálogo e a paz nacional, acabar com a sabotagem opositora, a guerra económica e reestruturar o Ministério Público.
"Acabou-se a sabotagem da Assembleia Nacional. A Constituinte chegou para pôr ordem", afirmou.
Nicolas Maduro falava para centenas de apoiantes que se concentraram na Praça Bolívar de Caracas para celebrar a eleição de membros da Assembleia Constituinte, no domingo, dia marcado por violências que causaram pelo menos dez mortos, de acordo com o Ministério Público venezuelano.
Levantar a imunidade dos opositores
Maduro indicou que a Assembleia Constituinte vai criar uma poderosa comissão pela verdade, justiça, reparação das vítimas e paz, que terá como tarefa inicial levantar a imunidade dos parlamentares opositores e dissidentes do "chavismo" [referência ao Presidente Hugo Chávez que dirigiu o país entre 1999 e 2013, ano em que morreu] e fazer justiça com envolvidos na violência no país e na guerra económica.
A Assembleia Constituinte vai ser usada para recuperar a economia, estabilizar politicamente o país, dar segurança ao povo, promover a paz e reconstruir a igualdade.
"Pela paz dos venezuelanos sou capaz de tudo, até de falar com o diabo se for necessário", sublinhou.
Por outro lado, Maduro anunciou que o Ministério Público, que tem assumido posições contrárias ao regime, vai ser imediatamente reestruturado para que haja justiça.
O Presidente venezuelano disse que a oposição era "covarde" por não aceitar dialogar e advertiu que alguns líderes vão terminar presos e outros num centro psiquiátrico."O que interessa o que diz Trump?"
Nicolás Maduro respondeu ainda à ameaça de novas sanções por parte dos Estados Unidos. "O que nos interessa o que diz Trump? Insteressa-nos o que diz o povo soberano da Venezuela", reclamou o presidente venezuelano.
Maduro criticou a cobertura noticiosa das eleições de domingo e pediu à Comissão Nacional de Telecomunicações para abrir uma investigação contra a estação privada de televisão Televen, que acusou de dar prioridade à cobertura de conflitos opositores e não informar sobre o processo eleitoral.
A oposição venezuelana, maioritária no parlamento, convocou manifestações para hoje e quarta-feira, na sequência da eleição dos 545 membros da Assembleia Constituinte, anunciada por Maduro a 01 de maio.
O objetivo desta assembleia é alterar a Constituição em vigor, nomeadamente os aspetos relacionados com as garantias de defesa e segurança da nação, entre outros pontos.
A oposição venezuelana acusa Maduro de pretender usar a reforma para instaurar no país um regime cubano e perseguir, deter e calar as vozes dissidentes.
Mais de 100 pessoas morreram nos protestos antigovernamentais que têm agitado a Venezuela desde o passado dia 1 de abril.
c/ Lusa