O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou que 1.200 pessoas foram detidas em protestos pós-eleitorais na Venezuela e que outros 1.000 estão a ser procuradas por destruírem 300 esquadras policiais no país.
"Capturámos mais de 1.200 destes criminosos e estamos à procura de mais mil e vamos apanhá-los todos", disse Nicolás Maduro numa reunião do Conselho Nacional de Economia Produtiva, em Caracas.
O presidente da Venezuela explicou que estes alegados criminosos foram "treinados" nos Estados Unidos, na Colômbia, no Peru e no Chile e que estariam a ser divulgados os vídeos de onde foram treinados para fazer ataques a esquadras policiais no país.
"A primeira coisa que vieram fazer foi queimar a esquadra policial que dá vigilância e proteção aos cidadãos. Depois, gravavam-se em vídeo para o golpe cibernético, o primeiro golpe cibernético da história da humanidade, porque estavam bêbados, drogados, pela mentira que tinham na cabeça e transmitiam tudo", explicou.
Nicolás Maduro explicou ainda que foram também gravados vídeos pelos transeuntes.
"E, com os vídeos, nenhum se safa, estamos agarrando uns depois dos outros e desta vez não haverá perdão. Digo-vos, de coração, como homem de paz e cristão, que não esta vez haverá perdão", disse.
Nicolás Maduro sublinhou ainda estar a arranjar dois estabelecimentos prisionais para estes detidos.
"Estou a preparar duas prisões que vão estar prontas em 15 dias, a de Tocorón e a de Tocuyito, e todos (...) irão para Tocorón e Tocuyito, prisões de segurança máxima", disse.
Perspetivam-se dias difíceis
Na quarta-feira o Ministério Público da Venezuela anunciou que tinham sido detidas 1.062 pessoas em protestos pós-eleitorais no país, um dia depois de o presidente anunciar um reforço do patrulhamento militar e policial.
O número de detidos foi anunciado pelo procurador-geral Tareck William Saab numa comunicação ao país em que acusou a oposição venezuelana de usar grupos estruturados de criminalidade organizada para atos de vandalismo, usando uma linguagem criminosa e simulando atos puníveis.
"Se as investigações determinarem que alguns não estão envolvidos, será feita justiça e vão ser libertados", mas os responsáveis "vão ser privados da liberdade durante muitos anos", disse Saab.
Maduro pediu na quarta-feira ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela que certifique os resultados das eleições presidenciais de domingo, contestados pela oposição e não reconhecidos por parte da comunidade internacional.
O pedido teve lugar depois de ser proclamado pelo CNE presidente eleito do país para o período 2025-2031, com 51,2% (5,15 milhões) dos votos.
O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 44,2% (pouco menos de 4,5 milhões de votos), indicou o CNE.
A oposição venezuelana reivindica, contudo, a vitória nas eleições presidenciais realizadas no domingo, com 70% dos votos para Gonzalez Urrutia, afirmou a líder opositora María Corina Machado, recusando-se a reconhecer os resultados proclamados pelo CNE.