"Quero ser honesto convosco", afirmou Emmanuel Macron aos franceses esta noite. Num discurso à nação em que reconheceu que a França vive "um estado de emergência económica e social", o Presidente fez algumas promessas, mas falhou numa das principais reivindicações dos manifestantes: o imposto sobre as fortunas.
"Não haverá recuo" sobre o ISF, disse, referindo-se ao Imposto de Solidariedade sobre as Fortunas, abolido a 1 de janeiro de 2018 e substituído pelo Imposto sobre os Rendimentos Imobiliários.
Não houve também nenhum anúncio claro sobre o sistema político, a modificação do sistema representativo, uma das outras reivindicações dos "coletes amarelos", que militam por um referendo de iniciativa dos cidadãos e um escrutínio proporcional nas eleições legislativas.
Macron afirmou-se contudo capaz de "encontrar uma saída para os problemas", ao mesmo tempo que reconhecia que algumas das suas palavras "magoaram as pessoas".
O Presidente denunciou ainda os "comportamentos inaceitáveis" registados durante as manifestações mas reconheceu como "justa a vários níveis" a cólera dos "coletes amarelos".
É "a calma e a ordem republicana que deve reinar", avisou.
Algumas promessas
"Quero ser honesto convosco", disse Macron. "Acredito muito no nosso país e amo-o", acrescentou, sublinhando: "A minha legitimidade vem de vós".
Macron anunciou algumas, curtas, medidas, que respondem às exigências de muitos manifestante, como o aumento mensal do salário mínimo em 100 euros, para 1598,47 euros, já a partir de 2019.
O Presidente denunciou ainda os "comportamentos inaceitáveis" registados durante as manifestações mas reconheceu como "justa a vários níveis" a cólera dos "coletes amarelos".
"Os acontecimentos destas últimas semanas no Hexágono [a França] inquietaram profundamente a nação. Misturaram reivindicações legítimas e um encadeamento de violência inadmissível, e quero dizer-vos desde já que estas violências não irão beneficiar de qualquer indulgência."
É "a calma e a ordem republicana que deve reinar", avisou.
Algumas promessas
"Quero ser honesto convosco", disse Macron. "Acredito muito no nosso país e amo-o", acrescentou, sublinhando: "A minha legitimidade vem de vós".
Macron anunciou algumas, curtas, medidas, que respondem às exigências de muitos manifestante, como o aumento mensal do salário mínimo em 100 euros, para 1598,47 euros, já a partir de 2019.
"Queremos uma França em que possamos viver dignamente do seu trabalho", afirmou.
António Mateus - RTP
As horas extraordinárias serão também isentas de tributação a partir de 2019 e os reformados que recebam menos de 2000 euros por mês "ficarão isentos da CSG" - a Contribuição Social Generalizada, semelhante aos descontos para a Segurança Social.
"Mas não podemos ficar por aqui". Macron apelou às empresas e aos cidadãos que "produzam", prometendo combater a fraude fiscal.
António Mateus - RTP
As horas extraordinárias serão também isentas de tributação a partir de 2019 e os reformados que recebam menos de 2000 euros por mês "ficarão isentos da CSG" - a Contribuição Social Generalizada, semelhante aos descontos para a Segurança Social.
"Mas não podemos ficar por aqui". Macron apelou às empresas e aos cidadãos que "produzam", prometendo combater a fraude fiscal.
O Presidente tentou também apelar ao patriotismo, afirmando "o meu único combate é por vós", e assumindo a sua quota parte na falta de resposta às suas preocupações.
Um "momento histórico"
"Não esqueço que existe uma cólera, uma indignação, que muitos franceses podem partilhar", lembrou Macron.
"Esta cólera é mais profunda, ela pode ser a nossa oportunidade", propôs, ao lembrar os testemunhos impressionantes de mães isoladas, de reformados e de trabalhadores nas rotundas, captados pelas televisões durante os protestos.
"Sem dúvida que não soubemos dar uma resposta, assumo a minha parte nessa responsabilidade", reconheceu.
"Não iremos retomar o curso das nossas vidas como se nada tivesse mudado. Estamos num momento histórico para o nosso país. A minha única preocupação são vocês. O meu único combate é por vós. A nossa única batalha é pela França. Viva a Republica", concluiu Macron.
Um "momento histórico"
"Não esqueço que existe uma cólera, uma indignação, que muitos franceses podem partilhar", lembrou Macron.
"Esta cólera é mais profunda, ela pode ser a nossa oportunidade", propôs, ao lembrar os testemunhos impressionantes de mães isoladas, de reformados e de trabalhadores nas rotundas, captados pelas televisões durante os protestos.
"Sem dúvida que não soubemos dar uma resposta, assumo a minha parte nessa responsabilidade", reconheceu.
"Não iremos retomar o curso das nossas vidas como se nada tivesse mudado. Estamos num momento histórico para o nosso país. A minha única preocupação são vocês. O meu único combate é por vós. A nossa única batalha é pela França. Viva a Republica", concluiu Macron.
Esta foi a primeira alocução do Presidente francês desde os protestos de dia 1 de dezembro e de uma breve reação quando se encontrava na cimeira do G20, na Argentina.
O Chefe de Estado francês esteve toda a semana passada fechado no Eliseu, de onde seguiu os protestos de dia 8, que reuniram mais de 136 mil manifestantes em toda a França.
O discurso de Macron foi transmitido pela TF1, a France 2, o Canal+, assim como as canais de informação de 24 horas, como a Franceinfo. Várias rádios, incluindo a Europe 1 e a RTL, transmitiram-no igualmente.
"Devia ter falado antes"
Não é claro qual será o impacto das palavras do Presidente. O apoio ao movimento de protesto continua em alta nas sondagens, ao contrário do chefe de Estado. E foi lançado um novo apelo a manifestações dia 15 de dezembro. Ninguém parece disposto a baixar os braços.
Não é claro qual será o impacto das palavras do Presidente. O apoio ao movimento de protesto continua em alta nas sondagens, ao contrário do chefe de Estado. E foi lançado um novo apelo a manifestações dia 15 de dezembro. Ninguém parece disposto a baixar os braços.
Horas antes do discurso de Emmanuel Macron, várias pessoas entrevistadas
pela comunicação social em cidades como Grenoble, Nice, Sena-e-Marne ou Montpellier, afirmavam-se pouco interessadas nas
palavras do Presidente francês.
"É demasiado tarde. Devia ter falado
antes" - era este o tom geral das respostas.
As manifestações iniciadas há quatro semanas pelo movimento "coletes amarelos", de camionistas, contra mais impostos sobre os combustíveis, alastraram de Paris a toda a França e a outras reivindicações, tão díspares quanto os grupos que se juntaram à onda de protestos contra o Governo de Macron. A uni-los, a dificuldade de chegar ao fim do mês com os salários que têm e recentes reformas do sistema.
O movimento dos "coletes amarelos" está a tentar estruturar-se melhor, a nível local e regional. Numa reunião em Grenoble, domingo, onde mais de 100 participantes de quase todas as idades, estratos sociais e proveniência racial decidiram dividir-se em grupos de trabalho, ninguém mencionou o discurso previsto para o dia seguinte.
Cédric Trivella, um dos porta-vozes locais, não se admirou: "não esperamos nada do Presidente. Teria sido diferente se ele tivesse vindo falar com as pessoas desde o início. Enquanto ele não perceber que tem de dar bem mais do que migalhas, iremos continuar", referiu.
É o mesmo sentimento de Caroline, que protestou domingo em Nice, de colete amarelo. "Macron na televisão? Não vou ver. Vou ter ecos, basta perfeitamente. Ele acha-se um rei. Houve Luis XIV, François 1º e Macron. E nós, o povo, somos taxados para pagar os seus privilégios", afirmou. Reuniões no Eliseu
Esta segunda-feira, Emmanuel Macron recebeu durante quatro horas e, sucessivamente, representantes dos principais sindicatos, do patronato, das duas Assembleias do Parlamento e das associações de autarcas. Às reuniões assistiram igualmente o primeiro-ministro, Edouard Philippe, e 12 membros do seu Executivo.
Rosário Salgueiro - correspondente em França
Rosário Salgueiro - correspondente em França
Se os sindicalistas saíram da reunião a dizer que foram ouvidos, os patrões foram mais precisos. "Pedimos medidas urgentes, para além de simples medidas de tesouraria" para as empresas e "a necessidade imperiosa de diminuir a pressão fiscal".
Em mais uma consequência das manifestações, as sessões de concertação sobre um novo sistema "universal" de reforma, previstas para fins de dezembro, foram entretanto adiadas para janeiro.
Desde 17 de novembro, data dos primeiros protestos dos "coletes amarelos", foram interpeladas 4 523 pessoas pelas forças da ordem, metade dia 8 de dezembro. Mais de 4000 ficaram detidas.