Macron insiste em envio de força europeia como parte da solução de paz para a Ucrânia

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Ludovic Marin - Pool via Reuters

O presidente francês anunciou esta quinta-feira, no final da cimeira de Paris sobre a Ucrânia, que haverá uma força de segurança europeia no país em caso de paz. Segundo Emmanuel Macron, a ideia não foi unânime mas vários países concordaram com o que chamou de "força de garantia". Relativamente às sanções, os líderes europeus rejeitam ceder às exigências russas e estão a ponderar aumentar as sanções para reforçar a pressão sobre Moscovo.

Em conferência de imprensa no final da cimeira, Macron explicou que estas forças de segurança “não pretendem ser forças de manutenção da paz", nem "forças presentes na linha de contacto", nem "forças que substituam os exércitos ucranianos", mas forças "que forneceriam apoio a longo prazo e funcionariam como um impedimento a uma potencial agressão russa".

Macron admitiu que não houve unanimidade entre os aliados europeus sobre esta questão, pelo que participarão na força militares de "alguns Estados membros" da coligação que apoia a Ucrânia. O envio de tropas europeias tem sido um tema controverso, não só entre os 27, mas também para os Estados Unidos e a Rússia, que criticam tal cenário.

Apesar de Donald Trump já ter rejeitado um eventual envio de tropas norte-americanas para a Ucrânia, o presidente francês disse que espera o apoio dos Estados Unidos para o envio de uma força de paz europeia, mas que também se quer preparar para um cenário sem Washington.

“Devemos esperar o melhor mas preparar-nos para o pior”, disse Macron.

Macron anunciou também que vai coordenar os esforços dos aliados relativamente à Ucrânia em conjunto com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. Uma missão franco-britânica viajará para a Ucrânia "nos próximos dias" para preparar "o formato do exército ucraniano", bem como um possível envio de forças de países aliados após um possível acordo de paz, anunciou ainda o presidente francês.
“Sanções são essenciais para a paz”
Os aliados decidiram também acelerar o pagamento dos "empréstimos decididos no G7" pela UE e "concordaram unanimemente que as sanções contra Moscovo não devem ser levantadas".

“Não é o momento certo para o levantamento das sanções”, disse Macron, ecoando as vozes de outros líderes europeus. “As sanções são essenciais para a paz”, salientou.
O levantamento das sanções é uma das exigências da Rússia para implementar uma trégua no Mar Negro, que foi anunciada pelos Estados Unidos na passada terça-feira, após ter chegado a um entendimento com Kiev e Moscovo, separadamente.
Starmer afirma que, pelo contrário, os aliados da Ucrânia têm estado a discutir de que forma poderão aumentar as sanções contra a Rússia.
“O que discutimos é como podemos aumentar as sanções para apoiar a iniciativa dos EUA de trazer a Rússia para a mesa através de mais pressão deste grupo de países”, disse Starmer em declarações aos jornalistas, ao lado do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

“Não há nenhum levantamento de sanções até que a Rússia pare esta guerra”, disse Zelensky, afirmando que o levantamento das sanções contra a Rússia enviaria "sinais muito perigosos".

"Não faz sentido pôr fim às sanções enquanto a paz não tiver sido realmente restabelecida e, infelizmente, ainda estamos muito longe disso", declarou o chanceler alemão, Olaf Scholz, no final da cimeira, citado pela agência francesa France Presse
PUB