Macron esperado na Casa Branca no início da próxima semana

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Foto: Magali Cohen, Hans Lucas - Hans Lucas via AFP

O presidente francês deverá rumar a Washington “no início da próxima semana” para uma reunião na Casa Branca. A indicação sobre a viagem de Emmanuel Macron foi avançada pela France Presse, com a agência a apontar a informação a um responsável da Administração, anúncio que ocorre após a segunda mini-cimeira promovida pelo presidente francês no Palácio do Eliseu, em Paris.

A viagem anunciada de Emmanuel Macron a Washington pode representar uma ligeira abertura do presidente americano, Donald Trump, aos parceiros da Europa ao processo de paz na Ucrânia depois dos sinais da última semana de que apenas EUA e Moscovo se sentariam à mesa das negociações.

Num momento da história que é impossível esconder a precariedade da diplomacia da União Europeia, o presidente francês continuava esta tarde a convocar líderes europeus para cimeiras-relâmpago de discussão da Ucrânia enquanto Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, estabelecem os termos do que tanto pode ser um armistício como um cessar-fogo, mas que se adivinha já como uma capitulação total da Ucrânia, de Volodymyr Zelensky e de uma Europa ultrapassada pelos acontecimentos quase desde o início da invasão, em fevereiro de 2022.

Depois de ter recebido no Eliseu os principais líderes da União Europeia, das Nações Unidas e o chefe do governo britânico, Keir Starmer, o presidente Emmanuel Macron convocou para a tarde desta quarta-feira os restantes líderes europeus e também o primeiro-ministro do Canadá.

Um sinal da fragilidade da posição europeia pode estar desde logo na lista de presenças: apenas o presidente da Roménia e o primeiro-ministro do Luxemburgo se terão deslocado à capital francesa de uma lista de vinte participantes, com os restantes, incluindo o chefe do Governo português, Luís Montenegro, a entrarem via videoconferência.

Ontem, representantes de Washington e Moscovo estiveram reunidos em Riade, Arábia Saudita, em conversações para o que se adivinha ser o traçar das novas fronteiras da Ucrânia. Estados Unidos e Rússia concordaram em formar equipas de “alto nível” para negociar os termos do fim da guerra, mas Ucrânia Europa ficaram de fora desta planificação.
Foi em resposta a estes parâmetros que Macron convocou esta segunda reunião para discutir o conflito na Ucrânia, depois de uma primeira mini-cimeira com líderes de mais peso, mas apesar de tudo sem conclusões significativas para mostrar ao mundo.

Já na semana passada, Trump e Putin estiveram ao telefone durante hora e meia alheando definitivamente a União Europeia de qualquer poder de decisão para as questões que se desenrolam a Leste.

Apesar de o presidente ucraniano contestar a validade dessas conversas, que deixam também Kiev fora das decisões sobre o seu território, Washington e Kremlin parecem já ter decidido a divisão dos despojos do conflito.

Perspetiva-se ainda um encontro face a face entre Trump e Putin antes que acabe Fevereiro. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, adiantou mesmo que as conversações entre os chefes das diplomacias dos dois países, Marco Rubio e Sergei Lavrov, na Arábia Saudita foram “um passo muito, muito importante” para um “acordo pacífico”.

Macron fez entretanto saber dos resultados da reunião desta quarta-feira, dirigidas a uma “paz sólida e duradoura”: “Acabo de ter uma longa conversa com vários colegas da União Europeia, bem como do Canadá, Islândia e Noruega. A posição da França e dos seus parceiros é clara e unida. Queremos uma paz na Ucrânia que seja sólida e duradoura”, escreveu no X, antigo Twitter.

Macron sublinhou que Paris e os seus parceiros compartilham “o objetivo, que é também o do presidente DonaldTrump, de pôr fim à guerra de agressão travada pela Rússia há quase três anos”.

“A Ucrânia deve estar sempre associada e os seus direitos respeitados; a paz deve ser sustentável e acompanhada de garantias sólidas e credíveis; as preocupações dos europeus em matéria de segurança terão de ser tidas em conta”, acrescentou o presidente francês, que lidera esta fileira europeia a correr em paralelo ao binómio Washington-Kremlin.

Emmanuel Macron sublinhou igualmente “a necessidade de aumentar as nossas despesas e capacidades em matéria de defesa e segurança para a Europa e cada um dos nossos países”.

No Eliseu compareceram numa “reunião informal por videoconferência” na presença do presidente interino da Roménia, Ilie Bolojan, os chefes de Estado ou de governo de Bélgica, Grécia, Eslovénia, República Checa, Bulgária, Croácia, Letónia, Lituânia, Noruega, Suécia, Finlândia e Canadá.
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