Macau deve ajudar China a transferir tecnologia para lusofonia

por Lusa

O candidato único a líder do Governo de Macau Sam Hou Fai defendeu hoje que a região semiautónoma chinesa deve apostar na transferência de tecnologia da China para os países de língua portuguesa.

Durante a apresentação do programa político, que marcou o arranque da campanha eleitoral, o ex-magistrado prometeu "criar empresas ou fundos controlados pelo Governo" para promover a transferência de tecnologia para os mercados lusófonos.

A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003 e, nesse mesmo ano, criou o Fórum de Macau.

O organismo integra, além da China, os nove países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Sam Hou Fai defendeu a necessidade de "aproveitar ao máximo o estatuto privilegiado e as vantagens únicas de Macau", incluindo a ligação histórica, cultural e linguística" àqueles Estados.

O candidato sublinhou que os países lusófonos "têm uma grande população", mais de 290 milhões de pessoas, que vivem sobretudo em países ainda em desenvolvimento, onde há "grande procura por produtos chineses".

Prometeu "ajudar empresas de grande envergadura da China, através de Macau", a exportar produtos e serviços para mercados lusófonos, dando como exemplo veículos elétricos, eletrodomésticos e serviços de comunicação social.

Por outro lado, Sam Hou Fai disse que o Governo vai, em conjunto com as seis concessionárias de casinos do território, realizar atividades de promoção para atrair mais turistas internacionais, nomeadamente do Sudeste Asiático e da América Latina.

O candidato lamentou que, de acordo com dados oficiais, apenas 6,4% dos visitantes que chegaram a Macau nos primeiros oito meses do ano tenham vindo do estrangeiro.

Sam Hou Fai defendeu o início de contactos para a criação de mais delegações turísticas do território, incluindo no Brasil, e prometeu "dar mais incentivos", nomeadamente através da isenção de vistos.

O ex-presidente do Tribunal de Última Instância será o primeiro chefe do Executivo a falar português.

Nascido em maio de 1962 em Zhongshan, na vizinha província chinesa de Guangdong, Sam completou a licenciatura em Direito pela Universidade de Pequim, tendo frequentado posteriormente os cursos de Direito e de Língua e Cultura Portuguesa da Universidade de Coimbra.

A campanha eleitoral arrancou hoje e decorre até 11 de outubro. O novo líder do governo local será eleito a 13 de outubro.

O líder da região é eleito para um mandato de cinco anos pela Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo, que integra 400 membros provenientes dos quatro setores da sociedade, sendo depois nomeado pelo Governo central chinês, de acordo com a Lei Básica e a respetiva lei eleitoral.

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