Lula quer ser mediador para impedir invasão da Venezuela pelos EUA
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, disse hoje querer impedir uma possível invasão terrestre da Venezuela pelos EUA e reiterou a sua disposição para mediar a crise entre os dois países.
"Eu não quero que a gente chegue a ter uma invasão terrestre", disse o chefe de Estado brasileiro, durante uma entrevista com seis agências internacionais, entre as quais a Lusa, a dois dias da cimeira de líderes que antecede a Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP30) na cidade amazónica de Belém.
"O que está faltando é diálogo", sublinhou, reforçando que "o Brasil tem todo o interesse em ajudar".
Lula da Silva sublinhou ainda que, durante a reunião que manteve com , Donald Trump, em Kuala Lumpur, avisou o Presidente dos Estados Unidos que os problemas políticos não se resolvem com armas, mas com diálogo.
"Nós não desejamos, nós não queremos conflitos na América do Sul", frisou, garantindo que fará um esforço para participar da cimeira entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e a União Europeia, que se realiza na próxima semana na Colômbia, precisamente para abordar os ataques dos Estados Unidos contra embarcações nas costas latino-americanas.
Os Estados Unidos realizaram um destacamento militar nas Caraíbas nos últimos meses e lançaram uma série de ataques aéreos contra embarcações civis em águas caribenhas próximas da Venezuela e no Pacífico, argumentando que as operações visam o combate ao tráfico de droga.
Desde o início de setembro, pelo menos 60 pessoas morreram devido aos ataques dos EUA.
Ainda na mesma entrevista, e sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, Lula da Silva disse que se o tema não avançar nas próximas semanas ligará pessoalmente a Trump de forma a agilizar o processo.
O Presidente brasileiro indicou ainda disponibilidade em se deslocar a Washington ou Nova Iorque para negociar com o homólogo norte-americano, caso seja necessário.
Lula da Silva reuniu-se com Trump em Kuala Lumpur, em 26 de outubro, numa tentativa de reverter as sanções dos EUA contra autoridades brasileiras e as tarifas de 50% impostas sobre grande parte das exportações do país, em retaliação pelo julgamento que levou o ex-presidente Jair Bolsonaro a ser condenado a 27 anos de prisão.
MIM // JMC
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