Lula da Silva inicia segundo mandato presidencial

por Agência LUSA
Neste segundo mandato, Lula da Silva deverá ter uma relação mais próxima com o Congresso Nacional, para evitar erros como o do "mensalão" EPA

Luiz Inácio Lula da Silva, 61 anos, assume hoje a Presidência do Brasil por outros quatro anos, com o apoio de 58,3 milhões de votos (61 por cento) obtidos na segunda volta das presidenciais, a 29 de Outubro.

Apesar dos vários escândalos que marcaram o seu governo, Lula da Silva disse recentemente que termina o seu primeiro mandato "numa situação altamente privilegiada", tanto do ponto de vista político como económico e social.

"Poucos presidentes tiveram a felicidade e a alegria de terminar o mandato em uma situação tão boa como nós. Temos agora o compromisso de fazer mais e melhor", assinalou Lula da Silva, considerado como o melhor presidente da História do país, na opinião de 35 por cento dos brasileiros.

No seu discurso hoje de posse, o primeiro operário brasileiro a assumir o poder deverá enfatizar as conquistas sociais e económicas do primeiro mandato e renovar o compromisso de fazer o Brasil crescer com distribuição de renda, o seu maior desafio.

No primeiro mandato do Presidente Lula, a taxa média do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deverá ficar em torno de 2,7 por cento apenas.

O Presidente deverá lembrar durante a cerimónia de posse que a economia está estabilizada e a inflação sob controlo e destacar o programa denominado "Bolsa Família", sua bandeira social durante a primeira administração, que beneficia hoje 11 milhões de famílias com a distribuição directa de uma quantia mensal de 35 euros.

Nos três primeiros anos do governo de Lula da Silva (2003-2005) foi registada a maior queda da pobreza no Brasil dos últimos 10 anos (19,18 por cento), mas este continua a ser um grande desafio do país, onde pelo menos 42,5 milhões de brasileiros ainda vivem na miséria.

Um estudo recente da Fundação Getúlio Vargas mostra que a pobreza atingia 28,2 por cento da população brasileira em 2003, quando começou um novo ciclo de queda, chegando a 22,7 por cento em 2005.

Lula da Silva inicia o segundo mandato com um governo de feição provisória, já que não dará posse aos ministros no dia 01 de Janeiro, como em 2003, quando assumiu a Presidência pela primeira vez.

A reforma ministerial deverá ser anunciada pelo Presidente somente em Fevereiro, após resolvida a questão da sucessão na presidência da Câmara dos Deputados e do Senado.

A tendência do novo governo de coligação do Presidente Lula é de que o seu Partido dos Trabalhadores (PT) perca espaço para o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, de centro, que tem a maioria no Parlamento.

"Sou de esquerda, mas o governo não é de esquerda e governa em função da correlação de forças políticas", afirmou recentemente o mandatário.

Neste segundo mandato, Lula da Silva deverá ter uma relação mais próxima com o Congresso Nacional, interferindo directamente nas negociações com o Legislativo, para evitar erros como o do "mensalão", esquema de compra de votos no Parlamento pelo PT que originou a maior crise política da história recente do Brasil.

A cerimónia de posse do presidente da República e do seu vice, José Alencar, está marcada para 16 horas de Brasília (18 horas de Lisboa) e deve durar cerca de uma hora e trinta minutos.

Como não haverá transição no poder, o próprio Lula da Silva colocará a faixa presidencial.

A festa da posse custará 1,163 milhões de reais (412,5 mil euros), o que inclui gastos com o aluguer de ecrãs gigantes que foram montados na Esplanada dos Ministérios, contratação de uma empresa de segurança e instalação de um palco.

Apesar do valor, o Palácio do Planalto afirma que será um evento modesto, sem a participação de chefes de Estado.

Terminada a cerimónia de posse, terá início a apresentação de artistas brasileiros no palco de 400 metros quadrados especialmente montado para a festa.


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