Lula da Silva estende mão a Dilma e assume a Casa Civil

por Cristina Sambado - RTP
Uma efígie insuflável do antigo Presidente brasileiro Lula da Silva erguia-se da multidão em Brasília durante as manifestações do passado domingo Ueslei Marcelino - Reuters

Na mira da operação judicial Lava Jato, Luiz Inácio Lula da Silva aceitou o convite de Dilma Rousseff para integrar o Governo. O antigo Presidente vai assumir a Casa Civil. O anúncio foi feito esta quarta-feira no final de uma reunião em que, além de Dilma e Lula, estiveram o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e Jaques Wagner, que deverá trocar a Casa Civil pela secretaria-executiva da pasta.

A informação foi avançada pelo líder do Partido dos Trabalhadores, Afonso Florence, citado nas edições online da imprensa brasileira.

“Temos um ministro chefe da Casa Civil com larga experiência para ajudar o Brasil. A decisão de Lula na Casa Civil decorre do compromisso com o país, única e exclusivamente imbuído do propósito de ajudar o país a sair da crise”, afirmou Florence. Para aceitar o cargo, Lula impôs várias condições, desde logo na área da política económica.


"Ministro Wagner no dia do seu aniversário mostra grandeza e desprendimento ao deixar a Casa Civil! Lula novo ministro da pasta!", escreveu, por sua vez, na rede social Twitter José Guimarães, líder do Governo na Câmara Federal.
A nomeação do ex-Presidente brasileiro deverá ser acompanhada de uma remodelação governamental - outra das condições impostas - que passará por alterações nas Relações Exteriores, para onde Lula da Silva quer levar Celso Amorim.

Não está também colocada de parte a possibilidade de Aloizio Marcante deixar a pasta da Educação.

Segundo alguns petistas, são também mencionados nomes como o de Ciro Gomes.

Outra mudança pode acontecer a nível do Banco Central, com a saída do atual governador Alexandre Tombini.

O jornal Folha de São Paulo avança que Tombini tem dito a interlocutores que não ficará no comando do banco se o Governo optar por uma alteração na política económica, que passaria por uma redução da taxa de juro e a venda de parte das reservas internacionais.
Operação Lava Jato
Sendo ministro, Lula da Silva terá um estatuto privilegiado e a sua detenção teria de ser autorizada pelo Supremo Tribunal Federal.


Foto: Adriano Machado - Reuters

Lula é um dos alvos da operação Lava Jato. É suspeito de ter recebido vantagens indevidas de empreitadas envolvidas no alegado esquema de corrupção na Petrobras. No entanto, o ex-Presidente da República nega as irregularidades.

Para Afonso Florence, a entrada de Lula da Silva no Governo não vai atrapalhar as investigações do processo Lava Jato: “Foi no mandato de Lula que a Procuradoria-Geral da República ganhou autonomia”.

“O objetivo de Lula da Silva, ao assumir o cargo, é tentar barrar o impeachment de Dilma no Congresso. Ele já havia começado a se movimentar, buscando especialmente o apoio do PMDB”, escreve O Globo.
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