O Presidente brasileiro defendeu hoje, no seu programa semanal de rádio, a integração religiosa entre os países da América Latina, tema que abordou com o Papa Bento XVI durante sua visita pastoral de cinco dias ao Brasil.
"Conversei com o Papa sobre a necessidade da integração religiosa na América Latina, porque a Igreja Católica na América Latina tem um peso muito importante. Nós estamos a falar em integração cultural, integração social, integração energética, integração de ferrovia, tudo. É importante que haja uma integração religiosa", assinalou Luiz Inacio Lula da Silva.
Na avaliação do Presidente, a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e das Caraíbas (CELAM), que decorre até 31 de Maio, em Aparecida, no Estado de São Paulo, contribui para haver "mais harmonia na região".
Lula da Silva disse ter conversado ainda com o Papa sobre projectos sociais do Brasil, como o de combate à fome, através do programa de transferência de renda "Bolsa Família", sobre o aquecimento global e os biocombustíveis.
"Eu até pedi ao Papa que ele não deixasse de, nas discussões da Igreja pelo mundo fora, discutir a questão do aquecimento do planeta, discutir a questão dos biocombustíveis e, sobretudo, discutir como fazer para ajudar os países africanos que podem ter no biodiesel a solução de desenvolvimento que não tiveram no século XX", referiu.
O Presidente brasileiro reafirmou ainda a importância de manter o Brasil um Estado laico.
"É importante que a gente tenha sempre como princípio, aqui no Brasil, respeitar as diferentes religiões existentes. Há muitas religiões no Brasil. Nós precisamos conviver com todas elas da forma mais respeitosa e mais democrática possível. Eu estou convencido de que o Estado laico é uma garantia da sustentação democrática também para o Brasil", destacou.
Lula da Silva considerou a visita de Bento XVI um marco histórico e elogiou o compromisso do Papa com as questões sociais.
"Ele teve a preocupação de conhecer os problemas de perto aqui no Brasil e teve vários pronunciamentos em que colocou críticas profundas à questão da criminalidade, da violência, do abandono social a que os pobres do mundo estão submetidos. Foi um comportamento muito digno, eu diria, benéfico para nós, povo brasileiro", assinalou.