"Luanda Leaks". Isabel dos Santos nega negócios fraudulentos

por RTP
Toby Melville - Reuters

A empresária angolana Isabel dos Santos, a principal visada nos esquemas financeiros revelados no Luanda Leaks, afirmou que a investigação é baseada em "documentos e informações falsas", num "ataque político" coordenado com o Governo angolano.

"As notícias do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação) baseiam-se em muitos documentos falsos e falsa informação, é um ataque político coordenado em coordenação com o 'Governo Angolano' (sic). 715 mil documentos lidos? Quem acredita nisso?", reagiu a empresária, em inglês, através da sua conta do Twitter, acrescentando "#icij #mentiras".
A filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos ataca também os media portugueses SIC e o Expresso, que integram o consórcio de jornalistas que revelou domingo mais de 715 mil ficheiros que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo.

Mais mentiras da SIC! Isabel dos Santos já era acionista da NOS , e da Effacec muitos anos antes de ir para Sonangol. Isabel dos Santos esteve na Sonangol apenas 18 meses, de Junho 2016 até Novembro 2017, e não foi quando esteve na Sonangol que “arranjou” esses negócios.#datas
Na conta do Twitter, onde escreveu 10 tweets numa hora, Isabel dos Santos afirma que a sua "fortuna" nasceu com o seu "caráter, inteligência, educação, capacidade de trabalho e perseverança" e acusa a SIC e o Expresso de "racismo" e "preconceito", "fazendo recordar a era das 'colónias' em que nenhum africano pode valer o mesmo que um 'europeu'"
"Os 'leaks' são autênticos? Quem sabe? Ninguém... estranho mesmo é ver a PGR (Procuradoria-Geral da República) de Angola a dar entrevistas à SIC-Expresso. Procurador-Geral de Angola a Angola a dar entrevistas... a canais portugueses!", escreveu a empresária, numa dessas mensagens.
Isabel dos Santos comentou ainda: "Consórcio ICIJ recebeu fuga de informação das 'autoridades angolanas'??!! Interessante ver o estado angolano a fazer 'leaks' (fugas) jornalistas e para a SIC-Expresso e depois vir dizer que isto não é um ataque político?".
Num outro 'tweet', escreve que "o povo de Portugal é amigo do povo de Angola e não podemos deixar que 'alguns' interesses isolados 'agitem' a amizade e respeito que conseguimos conquistar e construir juntos".
Desvio de 100 milhões de dólares
A investigação de um consórcio internacional de jornalistas revela que Isabel dos Santos terá desviado mais de 100 milhões de dólares da Sonagol para o Dubai.

Um consórcio de jornalismo de investigação revelou mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de Luanda Leaks, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que estarão na origem da fortuna da família.O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), que integra vários órgãos de comunicação social, entre os quais o Expresso e a SIC, analisou, ao longo de vários meses, 356 gigabytes de dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e 2018, que ajudam a reconstruir o caminho que levou a filha do ex-presidente angolano a tornar-se a mulher mais rica de África.

Durante a investigação foram identificadas mais de 400 empresas (e respetivas subsidiárias) a que Isabel dos Santos esteve ligada nas últimas três décadas, incluindo 155 sociedades portuguesas e 99 angolanas.

As informações recolhidas detalham, por exemplo, um esquema de ocultação montado por Isabel dos Santos na petrolífera estatal angolana Sonangol, que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para o Dubai.

Revelam ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no Eurobic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária.

Os dados divulgados indicam quatro portugueses alegadamente envolvidos diretamente nos esquemas financeiros: Paula Oliveira (administradora não-executiva da Nos e diretora de uma empresa offshore no Dubai), Mário Leite da Silva (CEO da Fidequity, empresa com sede em Lisboa detida por Isabel dos Santos e o seu marido), o advogado Jorge Brito Pereira e Sarju Raikundalia (administrador financeiro da Sonangol).

C/Lusa
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