Luanda Leaks. António Costa garante total colaboração e nega tratamento especial a Isabel dos Santos
António Costa pronunciou-se esta quarta-feira sobre o caso Luanda Leaks, garantindo que o Governo português vai colaborar "totalmente" com as autoridades angolanas e negando ter dado tratamento especial a Isabel dos Santos. O primeiro-ministro aproveitou para tranquilizar as empresas que têm a engenheira angolana como acionista.
António Costa respondeu às acusações do Bloco de Esquerda sobre ter sempre dado um tratamento especial a Isabel dos Santos. “O Bloco de Esquerde deve seguramente desconhecer os factos, mas quando a doutora Catarina Martins quiser conhecer algum facto sobre a atuação do Governo, e designadamente sobre a minha atuação, tem sempre oportunidade de me telefonar ou visitar e eu terei todo o gosto em poder prestar esclarecimentos”, frisou.
Sandra Machado Soares, Sérgio Vicente, Ricardo Passos Mota, Dores Queirós - RTP
“Eu recordo que, quando nós tomámos posse, havia um enorme conflito num caso concreto, que era o BPI, entre a engenheira Isabel dos Santos e outros acionistas, e havia um sistema de blindagem estatutária que garantia que a engenheira impedisse a alteração desse quadro estatutário”, recordou Costa.
“E o Governo agiu como lhe competia, procurando contribuir ativamente para que os conflitos fossem ultrapassados e, não tendo sido, fez o que devia, que foi alterar a lei, pôr fim à desblindagem e permitir ao banco que encontrasse o seu caminho normalmente”. O procurador-geral da República de Angola, Hélder Pitta Grós, irá reunir-se na quinta-feira com a homóloga portuguesa, Lucília Gago, em Lisboa, de acordo com uma fonte ligada à Procuradoria-Geral da República de Angola contactada pela agência Lusa.
Questionado sobre se as empresas portuguesas têm motivos para preocupação, nomeadamente a Efacec, António Costa salientou que “a investigação incide sobre uma acionista e não sobre a empresa”.
Para o líder do Governo, as empresas não devem ser “contaminadas” por vicissitudes que atinjam acionistas das mesmas, “sobretudo se tiverem boas práticas de gestão e uma separação muito clara entre aquilo que é a sua atividade (…) e os seus acionistas”.
O primeiro-ministro aproveitou para esclarecer que não há, “de forma alguma”, algum irritante entre Portugal e Angola. “Pelo contrário, há um total alinhamento de pontos de vista sobre esta matéria”, disse.