López Obrador acena com polémica reforma judicial

por Lusa
A reforma judicial de Obrador está ser contestada Henry Romero - Reuters

O presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador despediu-se dos seus apoiantes defendendo a reforma do sistema judicial que a sua sucessora, Claudia Sheinbaum, pretende também levar a cabo, e que inquieta o mundo empresarial e os Estados Unidos.

"Vou reformar-me com a consciência tranquila e muito feliz", disse "AMLO" - as suas iniciais e a sua alcunha - ao defender a sua política perante dezenas de milhares de apoiantes no Zocalo, no centro histórico da Cidade do México.

Um mês antes da tomada de posse de Sheinbaum, marcada para 01 de outubro, o chefe de Estado congratulou-se por ter reduzido a pobreza e as desigualdades e criado o "sistema de saúde pública mais eficaz do mundo". "Não é como na Dinamarca, é melhor do que na Dinamarca", afirmou a propósito.

Obrador termina o seu mandato de seis anos - a Constituição só permite um - com 73% dos mexicanos a aprovarem as suas políticas, de acordo com uma sondagem do diário El Universal.

"Esta é a partida de um dos presidentes mais históricos do país", disse à agência de notícias francesa AFP José Luis Díaz, um empresário de 39 anos. "Sinto-me triste. Não veremos um presidente como este novamente em cem anos".

AMLO defendeu a sua proposta de reforma constitucional do poder judicial, que prevê que os magistrados e juízes sejam eleitos por "voto popular".

Críticas à proposta do presidente

Perante as críticas da magistratura e dos Estados Unidos e as preocupações dos mercados, AMLO apelou ao testemunho do povo: "Que levantem a mão aqueles que consideram que é melhor que eles (juízes e magistrados) sejam eleitos pelo povo". E quase todas as mãos se levantaram.

Ao mesmo tempo, milhares de estudantes de direita marcharam pela Cidade do México para protestar contra a reforma, proclamando que "a justiça não pode ser decretada" e apelando ao México para que desperte.

Atualmente, os onze "ministros" do Supremo Tribunal são nomeados pelo Presidente após ratificação pelo Senado. Os juízes e magistrados são nomeados por um órgão administrativo, o Conselho da Justiça Federal (CJF).

Num país que regista cerca de 30.000 homicídios por ano, o sistema de justiça sofre de uma ineficácia quase total, o que conduz à impunidade, segundo ONGs.

 

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