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Londres. Kevin Spacey ilibado de todas as acusações de abuso sexual

por Graça Andrade Ramos - RTP
Kevin Spacey ilibado de nove acusações de abuso sexual pelo Tribunal de Southwark, Londres Hollie Adams - Reuters

O ator norte-americano ouviu esta quarta-feira a decisão do júri, após quatro semanas de julgamento no Tribunal de Southwark, Londres, após ter sido acusado de nove crimes de conduta sexual abusiva entre 2002 e 2013.

O actor declarava-se inocente de todas as acusações que incluíam ataque indecente, agressão sexual e um crime grave de "levar uma pessoa a incorrer em atividade sexual com penetração", que acarreta a possibilidade de sentença perpétua.

O veredicto deixou-o de lágrimas nos olhos. Kevin Spacey, que completa precisamente esta quarta-feira 64 anos, abraçou o seu manager e equipa de advogados e assumiu-se depois "imensamente grato" ao júri pelo tempo e cuidado tidos na análise de todas as provas e factos antes de chegar a uma decisão.
"Sinto-me humilde pelo veredicto", afirmou o actor, vencedor de um Óscar.

Segunda-feira, o juiz presidente, Mark Wall, reuniu-se com os nove homens e três mulheres que compunham o júri e que levaram mais de dois dias a deliberar.

Spacey agradeceu ainda publicamente aos funcionários do tribunal, à segurança e à sua equipa de advogados, antes de entrar num táxi que o esperava, sem aceder a responder às perguntas dos  jornalistas.

A pequena multidão que o aguardava fora do tribunal gritou o nome do actor e House of Cards, a mais recente série da Netflix protagonizada por Spacey, mas ninguém conseguiu tirar fotografias com o seu ídolo.
Um "bully sexual"
Kevin Spacey Fowler, do seu nome completo, era acusado de ataques sexuais, por quatro homens, entre 2001 e 2013, incidentes que teriam ocorrido em Londres e em Gloucestershire. Entre 2004 e 2015, Spacey dirigiu Old Vic Theatre em Londres.

Inicialmente enfrentava 12 acusações, tendo quatro destas, de ataque indecente, sido descartadas por "questões técnicas".

Os quatro homens que acusavam Spacey testemunharam cada um por sua vez contra o actor durante o julgamento que começou a 28 de junho. Descreveram-no como um "bully sexual" que usava o seu poder para conseguir o que queria.

Os acusadores têm direito a manter o seu anonimato por toda a vida.

Kevin Spacey sempre se disse inocente dos crimes que lhe eram imputados e considerou as acusações "uma loucura" e "uma facada nas costas". O actor garantiu aos jurados que "não tinha uma varinha de condão que agitava na cara das pessoas quando queria levar alguém para a cama", de acordo com o jornal Deadline.

Spacey descreveu dois dos encontros sexuais como consensuais e negou outro. Um dos casos, referiu, foi uma "tentativa de engate trapalhona" pela qual tentou depois pedir desculpa.

Uma sobrinha do actir, o cantor Elton John e David Furnish, entre outros, foram ouvidos enquanto testemunhas abonatórias de Spacey.
Outros casos
O actor já enfrentou, nos tribunais dos Estados Unidos da América, uma série de outras acusações de conduta sexual abusiva.

A primeira destas ocorreu em 2017, quando foi acusado pelo ator Anthony Rapp, que exigia uma indemnização de 40 milhões de dólares. Um júri de Nova Iorque considerou em 2022 que Spacey não seria responsabilizado.

Em 2018, as autoridades de Massachusetts acusaram Spacey de ataque indecente e de agressão no âmbito de alegações de que ele teria apalpado um jovem de 18 anos num bar em Nantucket dois anos antes. Spacey declarou-se inocente e o caso foi arquivado por falta de testemunhas. 

Um outro caso na California, levantado por um massagista terapêutico, foi indiferido depois da morte da alegada vítima.

As suspeitas valeram a Kevin Spacey ser despedido pela Netflix da série "House of Cards". Em agosto de 2022, Spacey foi intimado a pagar mais de 30 milhões de dólares à produção por perdas relacionadas com o seu despedimento.
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