Líderes timorenses defendem mediação internacional urgente para situação na Guiné-Bissau

por Lusa
António Amaral - EPA

Líderes timorenses, incluindo o ex-Presidente José Ramos-Horta, defenderam hoje uma "mediação internacional urgente" para responder à situação "crítica" que se vive na Guiné-Bissau, perante riscos de agravamento da crise.

"Há extrema preocupação porque a situação agravou-se em relação às tensões do passado e corre-se o risco de se resvalar para uma situação mais critica ainda", disse José Ramos-Horta à Lusa.

"É urgente mediação de uma alta entidade, seja união africana em parceira com CEDAO, ou um alto enviado do secretário-geral da ONU vindo de Nova Iorque", considerou.

Ramos-Horta disse que a situação "é muito grave" e que a Guiné-Bissau nunca viveu uma situação "de duas pessoas que disputam a presidência" deixando o país num vácuo de governação.

Opinião ecoada por Tomás Cabral, que foi nomeado Representante Especial do Governo timorense para apoiar o processo eleitoral na Guiné-Bissau e que defende que é urgente diálogo e mediação.

"A situação é preocupante. Timor-Leste apoiou depois da crise de 2013 e o que se nota é que a situação é de falta de diálogo entre os líderes", afirmou, apelando ao envolvido da CPLP e das Nações Unidas.

"Entre 2014 e 2020 conseguiram ouvir as mensagens de diálogo. Mas estamos novamente num dilema que é causado pelos atores políticos", sublinhou.

A Guiné-Bissau vive mais um momento de especial tensão política, depois de Umaro Sissoco Embaló ter demitido na sexta-feira Aristides Gomes do cargo de primeiro-ministro e nomeado Nuno Nabian, que tomou posse no sábado.

Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor da segunda volta das presidenciais da Guiné-Bissau pela Comissão Nacional de Eleições, tomou posse simbolicamente como Presidente guineense na quinta-feira, numa altura em que o Supremo Tribunal de Justiça ainda analisa um recurso de contencioso eleitoral interposto pela candidatura de Domingos Simões Pereira.

Após estas decisões, registaram-se movimentações militares, com os militares a ocuparem várias instituições de Estado, incluindo a rádio e a televisão públicas, de onde os funcionários foram retirados e cujas emissões foram suspensas.

Cipriano Cassamá, que tinha tomado posse na sexta-feira como Presidente interino, com base no artigo da Constituição que prevê que a segunda figura do Estado tome posse em caso de vacatura na chefia do Estado, renunciou hoje ao cargo por razões de segurança.

 

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