"As forças de ocupação atacaram o edifício cirúrgico do Hospital Nasser, que alberga muitos doentes e feridos, e ali deflagrou um grande incêndio", declarou o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo movimento islamita palestiniano Hamas, em comunicado.
O ministro israelita da Defesa, Israel Katz, confirmou ter atingido Ismail Barhoum durante o ataque após o exército israelita ter declarado que efetuou um "ataque de precisão contra um dos principais terroristas do Hamas que operava no interior do complexo hospitalar Nasser".Segundo a mesma fonte, o Hamas utiliza infraestruturas civis, como hospitais, colocando "cruelmente em risco a população de Gaza", pelo que Israel diz ter conduzido um "processo minucioso" e utilizado "armamento de precisão concebido para minimizar os danos tanto quanto possível".
De acordo com fonte do Hamas, citada pela agência France Presse, Ismail Barhum encontrava-se internado neste hospital "a receber tratamento, depois de ter sido gravemente ferido num ataque
aéreo à sua residência, que também vitimou o seu sobrinho, Mohamed
Barhum, em Khan Yunis, na terça-feira".
Além do líder do Hamas, o Ministério da Saúde de Gaza também confirmou a morte de quatros outras pessoas, incluíndo pacientes e profissionais de saúde, durante o bombardeamento que "causou o pânico e levou à evacuação total do edifício, que ficou em grande parte destruído", acrescentou. Segundo o último balanço desta entidade, morreram nas últimas horas em Gaza 21 pessoas.
Vários líderes do Hamas foram mortos
Após dois meses de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, desde terça-feira que Telavive intensificou os seus ataques contra a Faixa de Gaza e matou vários líderes do Movimento de Resistência Islâmica, Hamas.
No domingo, o movimento palestiniano confirmou a morte de outro líder do seu gabinete político. Trata-se de Salah Al-Bardawil, de 65 anos, morto com a sua mulher num ataque israelita a um campo de Al-Mawasi, perto de Khan Younis.
UE procura "regresso imediato" ao cessar-fogo
A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, está em Israel para apelar a "um regresso imediato" ao acordo de cessar-fogo. À chegada ao Médio Oriente no domingo à noite,
Kaja Kallas afirmou que "o sofrimento na Faixa de Gaza tem de acabar" e considerou que a destruição do enclave palestiniano "só alimenta a radicalização".
Kaja Kallas deixou claro que “Israel tem o direito de se defender, mas deve respeitar a vida dos civis e o direito humanitário". A líder europeia considerou que "as ameaças de anexar partes de Gaza são inaceitáveis”.
"Procedimento secreto" para "derrubar Governo de direita"
À margem da ofensiva israelita em Gaza, o primeiro-ministro israelita, Benyamin Netanyahu, acusou já esta segunda-feira o chefe do Shin Bet, Ronen Bar, de ter investigado o ministro israelita de Segurança Nacional de extrema-direita, Itamar Ben Gvir, sem o seu consentimento.
Netanyahu afirma que o chefe dos Serviços israelitas de Segurança Interna, cuja demissão foi suspensa na sexta-feira pelo Supremo Tribunal, de ter conduzido um "procedimento secreto" para investigar a infiltração de membros da extrema-direita nas forças policiais e o ministro Ben Gvir.
“A alegação de que o primeiro-ministro autorizou o chefe do Shin Bet, Ronen Bar, a reunir provas contra o ministro Ben Gvir é uma nova mentira que veio a lume", escreve o gabinete do primeiro-ministro israelita em comunicado.
"O documento publicado, que contém uma diretiva explícita do chefe do Shin Bet para reunir provas contra o escalão político, assemelha-se a regimes obscuros, mina os fundamentos da democracia e visa derrubar o governo de direita", acrescenta, numa reação à reportagem do canal 12.
O ministro israelita da Segurança Social, Itamar Ben Gvir, acusou Ronen Bar de ser um "criminoso" e um "mentiroso", numa publicação na rede social X.
Ben Gvir escreve que o Ronen Bar está "a tentar negar a sua tentativa de conspirar contra representantes eleitos num país democrático, mesmo depois de os documentos terem sido revelados ao público e ao mundo”.
"Não ficarei satisfeito com a sua demissão, ele tem de enfrentar acusações criminais por tentativa de golpe de Estado e tentativa de derrubar a democracia", conclui.
c/ agências