Líder parlamentar cabo-verdiano do MpD apresenta demissão

por Lusa

Paulo Veiga, líder parlamentar do Movimento pela Democracia (MpD), partido no poder em Cabo Verde, anunciou hoje, em conferência de imprensa, a demissão do cargo, alegando "problemas de articulação" com o Governo.

Os casos levaram a um "trabalho com muita dificuldade", apontando como exemplo o episódio mais recente: o lançamento de um selo comemorativo do centenário de Amílcar Cabral, sem coordenação com o grupo parlamentar que, há um ano, votou contra uma proposta de resolução sobre as comemorações.

"Tomámos um posicionamento e o Governo, com toda a legitimidade, pode fazer o que fez (...), mas deveria, por respeito e articulação, comunicar-me o que se passava, os acordos com os correios de Cabo Verde e de Portugal", referiu,

"Qual a minha surpresa (...) ver aquilo acontecer da forma como aconteceu", acrescentou.

Paulo Veiga recordou que, em outubro de 2023, o grupo parlamentar (que detém maioria) chumbou uma proposta de resolução do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) para que o Estado comemorasse o centenário de Amílcar Cabral, alegando tratar-se do instrumento legal incorreto.

"De acordo com a nossa Constituição e o nosso entendimento -- entendimento que não é unânime dentro do grupo parlamentar, mas é da maioria -- Amílcar Cabral nunca foi estadista e então não pode ter uma celebração acima dos estadistas", apontando o caso do Presidente Aristides Pereira, "que fez o centenário e teve comemoração".

"Na nossa opinião, [Amílcar Cabral] é, sim, um herói nacional, alguém importante para a história de Cabo Verde, mas nunca o pai da nação cabo-verdiana, que tem 562 anos - e Amílcar Cabral está a comemorar o seu centenário", justificou Paulo Veiga.

O líder parlamentar demissionário reiterou na conferência de imprensa de hoje que este foi um caso entre outros de falta de articulação.

"O líder parlamentar tem assento na comissão política, por inerência do cargo, portanto, vou sair agora e o próximo líder será o representante do grupo para poder fazer a articulação", entre a bancada parlamentar, a comissão política do MpD e os membros do Governo.

A bancada parlamentar deverá realizar eleições internas na primeira semana de outubro, antes do regresso aos trabalhos no hemiciclo da Assembleia Nacional.

Paulo Veiga referiu que Celso Ribeiro, atual vice-presidente do grupo parlamentar, terá condições para o suceder, contando com o apoio da maioria dos deputados.

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