O primeiro-ministro japonês disse ter manifestado ao Presidente chinês "sérias preocupações" sobre a situação no mar do Sul da China, durante o primeiro encontro bilateral entre os dois líderes no Peru.
Shigeru Ishiba disse, na sexta-feira, aos meios de comunicação locais, que tinha manifestado a Xi Jinping preocupação relativamente às manobras militares cada vez mais agressivas da China em águas próximas do Japão.
"Há muitas diferenças de opinião entre o Japão e a China. Mas, apesar delas, concordei com o Presidente Xi em continuar a realizar mais reuniões", disse Ishiba, no final do encontro, à margem da cimeira do fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), em Lima.
Pequim reivindica a soberania sobre praticamente todos os recifes e ilhotas desabitadas do mar do Sul da China por razões históricas, ignorando uma decisão do tribunal internacional de 2016 que considera não haver base jurídica para as reivindicações chinesas.
Filipinas, Vietname, Malásia, Brunei e Indonésia têm reivindicações rivais sobre esta zona marítima de grande importância comercial e estratégica.
A situação agravou-se nos últimos meses. Vários episódios de violência opuseram navios chineses a navios vietnamitas e filipinos naquelas águas.
Simultaneamente, a China intensificou a pressão sobre Taiwan, com incursões aéreas e manobras militares em torno da ilha, que considera parte do seu território.
As relações entre a China e o Japão, frequentemente tensas, deterioraram-se nos últimos anos, à medida que Pequim aumenta as capacidades militares na região e Tóquio reforça a aliança com os Estados Unidos.
Durante a reunião, Ishiba também "expressou sérias preocupações sobre a crescente atividade do exército chinês", sublinhando que "a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan são extremamente importantes para o Japão e para a comunidade internacional", indicou, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês.
Por seu lado, Xi disse esperar que o Japão trabalhe com a China para "tratar corretamente as grandes questões de princípio como a história e Taiwan" e "gerir as diferenças de forma construtiva", referiu uma nota da diplomacia chinesa.
A China e o Japão, "cujos interesses económicos e cadeias industriais e de abastecimento estão profundamente interligados", devem "prosseguir uma cooperação vantajosa para todos e manter o sistema global de comércio livre, bem como cadeias de produção e abastecimento estáveis e sem entraves", acrescentou o Presidente chinês.
Os dois responsáveis debateram também a proibição chinesa de importação de peixe e marisco do Japão, que entrou em vigor na sequência do início da libertação de água tratada da central nuclear de Fukushima.
Em setembro, a China afirmou que ia "retomar gradualmente" as importações de produtos do mar do Japão, depois de ter imposto uma proibição geral há cerca de um ano, antes da qual era o maior importador de produtos do mar japoneses.