O líder do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) na Turíngia, Björn Höcke, foi condenado hoje a uma multa de 13 mil euros por ter usado num comício um antigo lema nazi.
O tribunal de Halle considerou provado que Höcke utilizou o `slogan` "Tudo pela Alemanha", sabendo que se tratava de um lema proibido de uma organização paramilitar nazi, as SA, ligadas à ascensão ao poder do ditador genocida Adolf Hitler.
Trata-se de uma decisão sobre um comício em específico, em maio de 2021, já que em outras situações em que Höcke utilizou o mesmo lema ou encorajou o público a proferi-lo terão de ser julgadas separadamente.
A acusação tinha pedido seis meses de prisão comutável por liberdade condicional, enquanto a defesa tinha pedido a absolvição.
Em tribunal, Höcke disse que acusação era parcial, argumentando que a liberdade de expressão na Alemanha está em risco.
Höcke encabeça a lista da AfD para as eleições regionais da Turíngia, que decorrem em setembro, nas quais o grupo de extrema-direita é o principal favorito à vitória, segundo as sondagens.
Höcke é ainda a figura mais representativa da ala mais extremista do partido.
A um mês das eleições europeias, o AfD sofreu segunda-feira novo revés, depois de os tribunais terem autorizado os serviços secretos a manterem vigilância estreita ao partido por suspeitas de extremismo.
A decisão judicial é mais um duro golpe para este movimento, já na mira da justiça pelas suas alegadas ligações com a Rússia e a China.
A decisão do tribunal de Münster (noroeste do país) de rejeitar um pedido da AfD contra a sua classificação como "suspeita de extremismo" foi elogiada pelo chanceler alemão, Olaf Scholz.
"A nossa democracia tem meios para se defender. O nosso Estado de direito protege a nossa democracia também contra ameaças internas", frisou o líder social-democrata na sua conta na rede social X.
A organização juvenil do partido, Junge Alternative, foi colocada no mesmo patamar que a AfD, segundo a decisão.
Na fundamentação da sua decisão, o juiz Gerald Buck concluiu que havia provas suficientes para suspeitar que a AfD persegue aspirações ligadas ao "desprezo pela dignidade humana" de estrangeiros e muçulmanos.
Pelo menos uma parte significativa da AfD pretende "conceder aos cidadãos alemães com origem migrante apenas um estatuto legalmente desvalorizado", vincou.
Por seu lado, os advogados da AfD afirmaram que as declarações feitas por alguns dos seus membros, recolhidas pelos serviços secretos, não devem ser atribuídas ao partido como um todo, que tem cerca de 45.000 membros.
Criado em 2013, este partido populista e anti-imigração teve `vento a favor` nas sondagens até ao início do ano e esperava triunfar nas eleições europeias de junho e em três eleições regionais em setembro no leste do país (a antiga RDA), considerada o seu reduto.
Mas, desde então, os escândalos acumularam-se e a sua popularidade diminuiu.
Em meados de janeiro foi revelada a participação de alguns destes membros numa reunião de `ultradireita` para discutir um plano de expulsão em massa de estrangeiros ou pessoas de origem estrangeira da Alemanha.
Depois, em abril, foi aberta uma investigação por suspeita de financiamento russo e chinês contra o seu cabeça de lista nas eleições europeias, o eurodeputado Maximilian Krah, sendo que foi detido um dos seus assistentes no Parlamento Europeu, suspeito de ser um agente chinês.